O que há em comum no desejo de ganhar um salário maior ou de escrever uma poesia? Para Geoffrey Miller, especialista em psicologia evolutiva e autor do livro A Mente Seletiva (Editora Campus), a resposta está no sexo. Isso mesmo. A necessidade de tornar-se mais atrativo sexualmente seria a chave para compreender até o surgimento da sofisticada cultura humana.
Partindo do princípio de que a reprodução é o instinto básico em todos os seres, Miller acredita que a mente desenvolveu, durante a evolução, diferentes “estratégias reprodutivas”. Se os homens pré-históricos precisavam caçar animais para atrair suas parceiras, os modernos Homo sapiens compram iates ou escrevem sinfonias. A evolução também explicaria, por exemplo, por que os homens seriam mais promíscuos que as mulheres quanto ao sexo. “São diferentes estratégias reprodutivas”, diz Miller. “Enquanto as mulheres normalmente estão mais interessadas na qualidade de seus parceiros (segundo ele, pela necessidade de criar seus filhos), os homens geralmente são menos exigentes na escolha de quem levar para cama.” Antes de ser acusado de usar a ciência em prol do machismo, ele diz que essa situação muda quando o homem escolhe a mãe de seus filhos. “Aí ele se torna tão exigente quanto as mulheres”, diz Miller.
O que é a psicologia evolutiva?
Ela tenta entender a natureza humana perguntando como nossos ancestrais sobreviveram e se reproduziram. Quanto melhor nós entendermos nossa evolução, melhor nós entenderemos nossos cérebros, nossas mentes e o comportamento moderno. A psicologia evolutiva procura compreender, por exemplo, por que buscamos status, achamos alguém sexualmente atraente, fazemos amigos, fofocamos e outras respostas para perguntas que tradicionalmente foram negligenciadas pela psicologia. O que estamos compreendendo agora é que boa parte do nosso comportamento é produzido por circuitos do cérebro que evoluíram, originalmente, para que os nossos ancestrais se tornassem sexualmente atrativos.
Ou seja, tudo tem uma base sexual?
Os comportamentos humanos evoluíram, sim, devido ao sexo. Mas isso não significa que hoje eles tenham uma conotação sexual. Os pássaros não cantam apenas para o acasalamento, mesmo que essa habilidade tenha tido originalmente essa função. Não deve ser à toa que nos interessamos por música, dança e humor depois da puberdade, no momento exato em que começamos a estar predispostos a atrair parceiros sexuais.
Em seu livro A Mente Seletiva, o senhor também trata das diferenças entre homens e mulheres quanto ao comportamento sexual.
Enfoco as semelhanças entre homens e mulheres, enquanto outros psicólogos evolucionistas normalmente prestam atenção nas diferenças. As diferenças são importantes, mas podem ser exageradas. Homens podem potencialmente ter muitos filhos com muitas mulheres. Mulheres podem somente ter, no máximo, cerca de uma dezena de filhos. Isso faria, portanto, que elas sejam mais interessadas na qualidade dos seus parceiros que na quantidade. Mas apesar de os homens, em geral, serem menos exigentes na escolha de suas parceiras, isso muda quando ele tem que escolher alguém com quem viver por muito tempo. Tornam-se quase tão exigentes quanto as mulheres. Isso não é comum na natureza, onde apenas a fêmea costuma ser exigente e o macho acasala com todas as fêmeas que pode conseguir.
O que torna uma pessoa interessante ou sexualmente atrativa?
Quando se trata de apaixonar-se, há muitas evidências de que nós nos importamos muito com a inteligência, a amabilidade, a criatividade e o senso de humor. Enquanto os animais focam basicamente a aparência física e um ritual de cortejo mais simples, estamos interessados também nos pensamentos e sentimentos dos nossos parceiros. É por isso que a seleção sexual gerou os pensamentos e sentimentos humanos. Preocupa-nos muito, por exemplo, se alguém é interessante para conversar. A maioria do cortejo humano é verbal, e eu calculo que os amantes trocam, em média, cerca de 1 milhão de palavras antes de manter relações sexuais que acabem em gravidez. Isso deu à seleção sexual enorme poder para formar a linguagem humana e qualquer outro meio para expressar emoções.
Além da linguagem, a “seleção sexual” também teria importante papel no desenvolvimento das artes plásticas, da música e da literatura?
Foi por isso que escrevi A Mente Seletiva. Acho que é importante reconhecer que todas essas manifestações do comportamento humano são relacionadas com exibir-se, como formas de conquistar status social e de atrair parceiros. Daí meu argumento de que tudo isso evoluiu, em parte, por conta da seleção sexual. Isso parece razoável porque a maioria das características mais bonitas e impressionantes dos seres vivos – as flores, a cauda do pavão, o som dos rouxinóis – é também fruto da seleção sexual. A teoria da seleção sexual diz que somos atraídos pelos trabalhos artísticos mais difíceis e custosos de fazer, em termos de tempo, energia e capacidade. Acredito que isso define boa parte das nossas preferências estéticas. Nosso senso de belo na arte evoluiu para que pudéssemos escolher os artistas mais talentosos como parceiros sexuais. Há exemplos disso acontecendo em outras espécies. Há pássaros na Austrália que constroem ninhos com pedras e conchas. As fêmeas passam, fazem uma inspeção de cada ninho e acasalam com o macho que construiu o ninho mais bonito. Assim, os genes para construir ninhos bonitos espalharam-se através dessa espécie de pássaros. Meu livro tenta entender como algumas das aptidões que mais valorizamos, como a arte, surgiram de maneira similar.
O que, no comportamento humano, poderia ser determinado pela seleção sexual?
A seleção sexual determinou nossa necessidade de status, prestígio e respeito social. Status não é tão útil para a sobrevivência, mas é muito importante para a reprodução. Quando competimos no local de trabalho, nós estamos buscando status do mesmo jeito que nossos ancestrais tentaram alcançar status sendo bons caçadores ou contadores de histórias. Ou seja: estamos sempre atuando para impressionar e atrair parceiros sexuais. Nossa cultura não está separada da nossa evolução biológica.
O senhor acredita que sua teoria poderia ajudar outras ciências humanas. Para a economia, por exemplo, qual seria a contribuição dela?
Muitos aspectos importantes da economia não são explicados muito bem pelos economistas. Eles não conseguiram explicar, por exemplo, por que compramos artigos de luxo ou por que trabalhamos para ganhar mais do que precisamos para sobreviver. Todos esses fenômenos são resultado da seleção sexual. Em economias modernas, nós não adquirimos status caçando animais ou alegando ter poderes espirituais, mas por meio da ascensão profissional. Isso explica, também, por que os homens são mais ambiciosos financeiramente que as mulheres – afinal, eles são propensos a ter mais parceiras. Nós não somos conscientes de tudo isso, claro, mas a maioria de nós se comporta exatamente de acordo com a teoria de Darwin.
Se sua teoria baseia-se no instinto de reprodução, como o senhor explicaria a homossexualidade?
Eu não tenho uma explicação para a homossexualidade. Ela ainda é um mistério do ponto de vista evolutivo e, até onde eu sei, ninguém tem uma explicação satisfatória.
Geoffrey Miller
• Professor Assistente de Psicologia Evolutiva da Universidade do Novo México, em Albuquerque, Estados Unidos.
• Tem 37 anos, é autor do livro A Mente Seletiva, em que propõe que a cultura humana surgiu da necessidade que temos de atrair parceiros sexuais.
• Quando não está ensinando, gosta de pintar, esquiar e andar de bicicleta.
Frase
"A homossexualidade ainda é um mistério do ponto de vista evolutivo"
quarta-feira, 14 de julho de 2010
O que é a mente?
A tentativa de entender o mundo esbarra, logo de saída, num obstáculo formidável: não sabemos como existe nem como funciona nossa principal ferramenta para lidar com o Universo – a mente. Graças a ela, dispomos de consciência, noção de individualidade e capacidades variadas, como aprender, avaliar, adorar, detestar e opinar. Até sabemos detectar os “sintomas” biológicos de um estado de espírito, como o amor e o prazer. Podemos também fazer o caminho inverso, ao fornecer estímulos químicos e detectar resultados comportamentais. Mas a ponte entre um lado e outro permanece um mistério. A mente é mais do que a atividade elétrica e química do cérebro. “Na cardiologia, por exemplo, pode-se partir de uma única célula, agregar as outras peças e chegar ao sistema completo”, diz o psiquiatra Luiz Alberto Hetem, da Faculdade de Medicina da USP. “No cérebro, a coisa se perde em algum momento. Não há um contínuo que vá da célula até o sistema em funcionamento.”
Por que temos tão pouco genes?
Na década passada, biólogos estimavam que o ser humano tinha 100 mil genes. Na época da publicação da versão final do genoma humano, há 2 anos, o número já havia caído para 32 mil. Finalmente, em outubro passado, após 15 anos de trabalho, o Consórcio Internacional de Seqüenciamento do Genoma Humano apresentou seu último cálculo, indicando que temos 25 mil genes, no máximo. Número nada impressionante, se levarmos em conta que a Arabidopsis thaliana, planta da família da mostarda, tem 26 mil. “Nós não parecemos muito impressionantes nessa competição”, diz Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, dos EUA. Uma primeira conclusão, óbvia, é que não é o tamanho do genoma que importa – e sim, o resultado final que ele proporciona. Uma segunda conclusão, inevitável, é que sabemos pouquíssimo sobre como os genes funcionam.
Por que sonhamos?
Sigmund Freud deu ao mundo, em 1900, a idéia de que nossos sonhos teriam significados ocultos. Eles seriam uma tentativa do nosso inconsciente de realizar desejos, muitos dos quais não admitimos conscientemente. O conceito permanece difundido até hoje, mas neurologistas ainda procuram uma justificativa para os sonhos. Se eles são indispensáveis, por que orcas e golfinhos, mamíferos com cérebro desenvolvido, passam seu primeiro mês de vida sem dormir? Aliás, sonhos precisam de explicação biológica? Os psiquiatras Robert McCarley e Allan Hobson, da Universidade Harvard, nos EUA, quase tiraram a graça da história, em 1977. Para eles, o sonho seria apenas conseqüência da atividade elétrica do cérebro no sono, “sacudindo” memórias e pensamentos. A teoria ganhou opositores de todos os lados: psicólogos freudianos dizem que há sonhos altamente coerentes e alguns evolucionistas afirmam que sonhar é uma ótima forma de simular situações sem se expor a riscos.
Como funciona a acupuntura?
Meridianos energéticos, balanceamento do yin e yang, reforço do chi... Fala sério: do ponto de vista da medicina e da biologia, as explicações tradicionais sobre a acupuntura não têm sentido nenhum. Mesmo assim, essa prática, cujo registro mais antigo vem do ano 90 a.C., difundiu-se a partir da China para o Ocidente. Uma possível explicação para a popularidade da técnica é o efeito placebo (veja na pág. 64), que pode mesmo reduzir dores. Essa justificativa começou a balançar em 1999, quando a Universidade de Heildelberg, na Alemanha, fez uma experiência com um grupo de controle, que usou agulhas retráteis (os pacientes sentiam a picada, mas a agulha não penetrava na pele). O grupo que levou agulhadas verdadeiras contra tendinite registrou índice de melhora muito maior do que o das agulhadas falsas, beneficiado apenas por efeito placebo. Ou seja, a coisa funciona. Mas a pergunta persiste: como?
Por que a mulher tem um órgão destinado só ao prazer?
Meridianos energéticos, balanceamento do yin e yang, reforço do chi... Fala sério: do ponto de vista da medicina e da biologia, as explicações tradicionais sobre a acupuntura não têm sentido nenhum. Mesmo assim, essa prática, cujo registro mais antigo vem do ano 90 a.C., difundiu-se a partir da China para o Ocidente. Uma possível explicação para a popularidade da técnica é o efeito placebo (veja na pág. 64), que pode mesmo reduzir dores. Essa justificativa começou a balançar em 1999, quando a Universidade de Heildelberg, na Alemanha, fez uma experiência com um grupo de controle, que usou agulhas retráteis (os pacientes sentiam a picada, mas a agulha não penetrava na pele). O grupo que levou agulhadas verdadeiras contra tendinite registrou índice de melhora muito maior do que o das agulhadas falsas, beneficiado apenas por efeito placebo. Ou seja, a coisa funciona. Mas a pergunta persiste: como?
Por que não usamos toda a capacidade do célebro?
Você já deve ter ouvido falar que o cérebro humano usa apenas 10% de sua capacidade. Apesar de baseada em conceitos verdadeiros, essa afirmação não passa de uma metáfora pobre. A verdade é que 100% da massa encefálica trabalha vigorosamente. O que não se explica é por que algumas pessoas com cérebro aparentemente comum têm habilidades como memória fotográfica ou eidética (capacidade de recordar grande quantidade de imagens e dados, como um atlas geográfico) e memória-calendário (capacidade de dizer em que dia da semana caiu ou cairá uma data a séculos de distância). Um dos primeiros exemplos bem documentados desse tipo de prodígio foi Thomas Bethune, ou Blind Tom (“Tom Cego” ) – um americano nascido em 1850, que além de cego era escravo e autista. Também era capaz de escutar 20 páginas de partitura uma só vez e tocá-las no piano. Aos 16 anos, Tom havia memorizado cerca de 7 mil músicas.
Por que a maior parte do DNA não faz proteína?
Só cerca de 2% do DNA humano responde pela construção de proteínas. Esses são os genes propriamente ditos. Até a década passada, pensávamos que todo o DNA era formado por genes, ou seja, que cada trecho era responsável pela construção de uma proteína, e que esses trechos se sucediam de forma ininterrupta. Estávamos errados. Os genes se intercalam com longos trechos de DNA ainda sem função conhecida. Esses trechos foram inicialmente chamados de junk DNA, ou “DNA lixo”. Hoje, muitos pesquisadores acreditam ser normal o acúmulo de restos genéticos que a evolução tornou inúteis. Acontece que alguns desses trechos de DNA têm comportamento ativo, ainda que inexplicável – por exemplo, há os transpósons, ou genes saltadores, que mudam de lugar aleatoriamente e podem causar mutações fatais.
O que explica a rotação das galáxias?
Galáxias apresentam um movimento de rotação que pressupõe certa quantidade de matéria, para que a gravidade mantenha o conjunto coeso. No final dos anos 70, porém, a astrônoma Vera Rubin, do Instituto Carnegie, dos EUA, descobriu que a quantidade de matéria visível nas galáxias não chegava nem perto da necessária para produzir essa gravidade. Uma explicação proposta foi a existência de uma esquisitíssima e invisível “matéria escura”. Partículas chamadas neutrinos contariam como “matéria escura”, mas seriam apenas parte dela. O resto, especula-se sobre o que possa ser. Por mais que os cientistas ajeitem a conta, faltam uns bons 30% de matéria nas galáxias. Ou estão erradas nossas idéias sobre como funcionam a gravitação e a aceleração em escala galáctica. Essa é a proposta da teoria Mond, sigla em inglês para dinâmica newtoniana modificada. Seu autor, o israelense Mordechai Milgron, acha mais razoável esquecermos a tal “matéria escura” e revermos as leis de Newton.
Pode existir uma conciência global?
Pesquisadores ao redor do mundo, coordenados pela Universidade Princeton, acreditam ter constatado um fenômeno incrível: a mente humana pode agir a distância sobre eventos aleatórios. A idéia alucinada surgiu de uma rede de 65 computadores espalhados pelo globo, que geram seqüências aleatórias de números desde 1998. Os pesquisadores afirmam que as seqüências podem ser levemente empurradas para algum padrão. Seria o mesmo que assistir a alguém jogar uma moeda repetidamente e, com a força do pensamento, aumentar as chances de cair coroa. O feito seria obtido pela força de vontade coordenada de um grupo de pessoas ou durante eventos que comovem grandes populações, como o tsunami na Ásia em 2004. Por isso o nome Projeto de Consciência Global. Entendeu? Bem, os autores do estudo também não. Eles admitem que sua pesquisa está “na margem da compreensão humana”. Ah, sim, eles querem a ajuda de filósofos e poetas no projeto.
Como os animais pressentem coisas?
A quantidade surpreendentemente baixa de animais mortos no tsunami que varreu a Ásia no final de 2004 inspirou novas discussões sobre uma dúvida antiga: como funcionam os sentidos dos bichos? Melhor que os nossos, certamente, já que as pessoas não foram capazes de prever nem de fugir da onda gigante. Quase sempre, é possível encontrar explicações razoáveis para cada espécie, sem recorrer a nenhum hipotético “sexto sentido”. Bigodes de gatos, por exemplo, podem perceber ínfimos deslocamentos de ar ou um toque equivalente à milésima parte do peso de um fio de cabelo. Mesmo assim, os feitos dos animais obrigam os cientistas a atualizar freqüentemente o que sabem. Foi a partir dos anos 90 que se admitiu que o olfato dos cães chega a ser 1 milhão de vezes mais aguçado que o humano, embora a estrutura cerebral responsável por esse sentido seja “apenas” 40 vezes maior que a nossa.
Como funciona o efeito placebo?
O efeito placebo é conhecido há muito tempo, e respeitado a ponto de ser incluído em testes clínicos, para comparação com os efeitos dos medicamentos reais. Sabemos que ele se relaciona com a expectativa do paciente: o organismo, ao receber algo que a mente acredita ser remédio, é “convencido” a reagir de acordo. O mecanismo, ainda inexplicável, vem sendo estudado pelo médico Fabrizio Benedetti, da Universidade de Turim, Itália. No ano passado, ele monitorou a atividade cerebral de pacientes com mal de Parkinson, enquanto dava a eles uma solução salina inócua, que acreditavam ser remédio. Essa crença bastou para que os cérebros dos pacientes reagissem, reduzindo sintomas da doença, como tremores e rigidez. No sentido oposto, pacientes que eram tratados com remédio verdadeiro, mas sem o saber, continuavam manifestando os sintomas.
Por que a física tem constantes que são inconstantes?
A categoria “constante” – grandezas que não deveriam mudar nunca – já foi bem maltratada pela ciência. No momento, quem dá dor de cabeça aos físicos é a “constante da estrutura fina”, também conhecida como alfa. Ela define como a matéria interage com a força eletromagnética, incluindo a luz. Graças à alfa, os cientistas sabem quais características esperar da luz que viaja pelo espaço e atravessa nuvens interestelares antes de chegar à Terra. Em 1997, surpresa: o astrônomo John Webb captou luz com as qualidades erradas. Isso pode significar que a constante alfa varia ao longo da história do Universo. Amostras de material radioativo de 2 bilhões de anos na África reforçaram essa tese. Se a constante alfa for mesmo variável, pode ser que a velocidade da luz também seja – o que abre uma rachadura num dos principais pilares da relatividade e da física atual.
Ai Jesus! que raio são as partículas "oh-meu deus"?
Imagine a força devastadora de um elefante em disparada concentrada numa formiga – que, periodicamente, derruba o muro da sua casa. Desde 1991, cientistas já observaram pelo menos 15 vezes um fenômeno tão estarrecedor quanto esse, mas em escala muito maior: vindas do espaço, partículas subatômicas chegam à Terra com energia cinética equivalente à de uma bola de beisebol. O evento não se encaixa nas teorias vigentes. Por sua capacidade de fazer qualquer físico arrancar os cabelos, essas formigas atômicas do espaço foram apelidadas de “partículas oh-meu-Deus”. Provavelmente, são prótons viajando quase à velocidade da luz. Elas criaram o chamado paradoxo GZK, porque violam os limites definidos em 1966 pelos físicos Greisen, Zatsepin e Kuzmin. Segundo o trio GZK, partículas tão energéticas só poderiam vir de uma fonte relativamente próxima da Terra. Por isso, os cientistas procuraram o ponto de onde elas vieram. Não há nada por lá – pelo menos, nada visível para nós.
Que Força desconhecida empurrou as sondas pioneer?
A história da sonda Pioneer 10 já seria empolgante, mesmo que tudo tivesse ocorrido como previsto: a nave foi lançada em 1972 e tornou-se o primeiro objeto criado pelo homem a sair do sistema solar, em 1983. Manteve contato com a Terra durante 25 anos, até perder-se no espaço profundo, em 1997. A Pioneer 10 deixou um enigma: algum fator desconhecido começou a reduzir sua velocidade e empurrá-la de volta para o Sol, quando ela estava se aproximando de Plutão. A “força” desconhecida era ínfima, mas, dadas as distâncias espaciais, bastou para alterar a rota da nave em 400 mil km. O mesmo ocorreu com a Pioneer 11. Tentou-se explicar a anomalia com idéias prosaicas, como vazamentos de fluido nas naves ou problemas na análise de dados. Outras propostas, no campo da chamada “nova física”, foram bem mais ousadas, lembrando que talvez devamos mudar nossas concepções de tempo, espaço e gravidade em escalas cósmicas. Mas nenhuma explicação foi conclusiva. O mistério continua.
O que acelera a expansão do universo?
Que o Universo se expande, já sabemos desde 1929, quando o astrônomo norte-americano Edwin Hubble estudou o movimento de galáxias distantes. Mas faz apenas 7 anos que o Hubble – não o astrônomo, e sim o telescópio espacial batizado em sua homenagem – provou que essa expansão está acelerando. Que estranha força antigravidade seria essa? Alguns modelos foram propostos, incluindo nomes aparentemente saídos de Star Wars, como energia fantasma e quintáxion. Essas alternativas receberam o nome genérico de “energia escura”, pela dificuldade de detectá-la e por analogia com a também indecifrável “matéria escura” (veja na pág. 64). A “energia escura”, seja o que for, poderia contribuir com até 70% da densidade necessária para que o Universo tenha a forma que tem. Sem ela, o Universo – e nosso conhecimento sobre ele – ficam com um imenso vazio a preencher.
De onde vem o metano de marte?
“Conclui-se que a experiência Viking LR detectou microorganismos vivos no solo de Marte.” Essa afirmação para lá de bombástica está logo na introdução de um artigo científico escrito em 1997 pelo engenheiro ambiental Gilbert Levin, que foi pesquisador da Nasa durante 2 décadas. Ele é uma voz quase isolada na comunidade científica – a maior parte dos acadêmicos ainda espera o surgimento de mais evidências antes de comemorar a existência de vida no planeta vermelho. Levin, porém, acredita ter essas provas desde 1976, quando um dispositivo a bordo da sonda Viking verificou a ocorrência de metano, gás que pode indicar atividade biológica. O metano não duraria mais de 400 anos na atmosfera marciana – ou o gás foi produzido em grandes quantidades há poucos séculos ou é gerado continuamente até hoje. Desde o final dos anos 90, outros testes confirmaram a presença de metano (o último, em 2004, pela sonda européia Mars Express Orbiter).
Como a homeopatia dá resultado?
A resposta mais fácil é o efeito placebo (veja na pág. 64). A história ficou mais complicada desde que um grupo de cientistas céticos, entre eles a farmacologista irlandesa Madeleine Ennis, afirmou ter detectado efeitos da homeopatia em glóbulos brancos, em laboratório, em 2001. Como se sabe, glóbulos brancos não esperam nada do tratamento, ou seja, não são suscetíveis ao efeito placebo. Madeleine afirmou que sua pesquisa não comprovava o funcionamento da homeopatia – apenas constatava um fenômeno inexplicado. Na homeopatia, a substância original é diluída até milhões de vezes: o produto final é quase água pura. A tese central do tratamento, formulada pelo biólogo francês Jacques Benveniste, é de que a água retém propriedades da substância original, graças a uma “memória química” – o que não significa nada para a ciência ortodoxa. “Somos incapazes de explicar os dados e os reportamos para encorajar outros a investigar o fenômeno”, disse Madeleine.
Por que tanta gente vê ovnis?
Os ufólogos entraram no novo milênio animadíssimos com a publicação do livro Open Skies, Closed Minds (“Céus Abertos, Mentes Fechadas”, inédito no Brasil). O autor, Nick Pope, defende que pelo menos parte dos supostos avistamentos de objetos voadores não identificados (ovnis) sobre a Grã-Bretanha corresponde mesmo a artefatos de origem desconhecida e tecnologia ultra-avançada. Pope virou celebridade porque tem currículo diferente da maioria dos ufólogos: é um alto funcionário do Ministério da Defesa britânico. Apesar de nunca deixarem evidências inquestionáveis, os “contatos imediatos” ocorrem no mundo todo, com pessoas de todos os tipos – incluindo pilotos de aeronaves militares e civis. Ufólogos americanos afirmam que entre 15 milhões e 20 milhões de pessoas nos EUA dizem já ter visto ovnis. Alucinações coletivas existem, mas, se é esse o caso, ainda não há explicação razoável sobre por que essa, especificamente, seria tão freqüente e difundida.
A tentativa de entender o mundo esbarra, logo de saída, num obstáculo formidável: não sabemos como existe nem como funciona nossa principal ferramenta para lidar com o Universo – a mente. Graças a ela, dispomos de consciência, noção de individualidade e capacidades variadas, como aprender, avaliar, adorar, detestar e opinar. Até sabemos detectar os “sintomas” biológicos de um estado de espírito, como o amor e o prazer. Podemos também fazer o caminho inverso, ao fornecer estímulos químicos e detectar resultados comportamentais. Mas a ponte entre um lado e outro permanece um mistério. A mente é mais do que a atividade elétrica e química do cérebro. “Na cardiologia, por exemplo, pode-se partir de uma única célula, agregar as outras peças e chegar ao sistema completo”, diz o psiquiatra Luiz Alberto Hetem, da Faculdade de Medicina da USP. “No cérebro, a coisa se perde em algum momento. Não há um contínuo que vá da célula até o sistema em funcionamento.”
Por que temos tão pouco genes?
Na década passada, biólogos estimavam que o ser humano tinha 100 mil genes. Na época da publicação da versão final do genoma humano, há 2 anos, o número já havia caído para 32 mil. Finalmente, em outubro passado, após 15 anos de trabalho, o Consórcio Internacional de Seqüenciamento do Genoma Humano apresentou seu último cálculo, indicando que temos 25 mil genes, no máximo. Número nada impressionante, se levarmos em conta que a Arabidopsis thaliana, planta da família da mostarda, tem 26 mil. “Nós não parecemos muito impressionantes nessa competição”, diz Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, dos EUA. Uma primeira conclusão, óbvia, é que não é o tamanho do genoma que importa – e sim, o resultado final que ele proporciona. Uma segunda conclusão, inevitável, é que sabemos pouquíssimo sobre como os genes funcionam.
Por que sonhamos?
Sigmund Freud deu ao mundo, em 1900, a idéia de que nossos sonhos teriam significados ocultos. Eles seriam uma tentativa do nosso inconsciente de realizar desejos, muitos dos quais não admitimos conscientemente. O conceito permanece difundido até hoje, mas neurologistas ainda procuram uma justificativa para os sonhos. Se eles são indispensáveis, por que orcas e golfinhos, mamíferos com cérebro desenvolvido, passam seu primeiro mês de vida sem dormir? Aliás, sonhos precisam de explicação biológica? Os psiquiatras Robert McCarley e Allan Hobson, da Universidade Harvard, nos EUA, quase tiraram a graça da história, em 1977. Para eles, o sonho seria apenas conseqüência da atividade elétrica do cérebro no sono, “sacudindo” memórias e pensamentos. A teoria ganhou opositores de todos os lados: psicólogos freudianos dizem que há sonhos altamente coerentes e alguns evolucionistas afirmam que sonhar é uma ótima forma de simular situações sem se expor a riscos.
Como funciona a acupuntura?
Meridianos energéticos, balanceamento do yin e yang, reforço do chi... Fala sério: do ponto de vista da medicina e da biologia, as explicações tradicionais sobre a acupuntura não têm sentido nenhum. Mesmo assim, essa prática, cujo registro mais antigo vem do ano 90 a.C., difundiu-se a partir da China para o Ocidente. Uma possível explicação para a popularidade da técnica é o efeito placebo (veja na pág. 64), que pode mesmo reduzir dores. Essa justificativa começou a balançar em 1999, quando a Universidade de Heildelberg, na Alemanha, fez uma experiência com um grupo de controle, que usou agulhas retráteis (os pacientes sentiam a picada, mas a agulha não penetrava na pele). O grupo que levou agulhadas verdadeiras contra tendinite registrou índice de melhora muito maior do que o das agulhadas falsas, beneficiado apenas por efeito placebo. Ou seja, a coisa funciona. Mas a pergunta persiste: como?
Por que a mulher tem um órgão destinado só ao prazer?
Meridianos energéticos, balanceamento do yin e yang, reforço do chi... Fala sério: do ponto de vista da medicina e da biologia, as explicações tradicionais sobre a acupuntura não têm sentido nenhum. Mesmo assim, essa prática, cujo registro mais antigo vem do ano 90 a.C., difundiu-se a partir da China para o Ocidente. Uma possível explicação para a popularidade da técnica é o efeito placebo (veja na pág. 64), que pode mesmo reduzir dores. Essa justificativa começou a balançar em 1999, quando a Universidade de Heildelberg, na Alemanha, fez uma experiência com um grupo de controle, que usou agulhas retráteis (os pacientes sentiam a picada, mas a agulha não penetrava na pele). O grupo que levou agulhadas verdadeiras contra tendinite registrou índice de melhora muito maior do que o das agulhadas falsas, beneficiado apenas por efeito placebo. Ou seja, a coisa funciona. Mas a pergunta persiste: como?
Por que não usamos toda a capacidade do célebro?
Você já deve ter ouvido falar que o cérebro humano usa apenas 10% de sua capacidade. Apesar de baseada em conceitos verdadeiros, essa afirmação não passa de uma metáfora pobre. A verdade é que 100% da massa encefálica trabalha vigorosamente. O que não se explica é por que algumas pessoas com cérebro aparentemente comum têm habilidades como memória fotográfica ou eidética (capacidade de recordar grande quantidade de imagens e dados, como um atlas geográfico) e memória-calendário (capacidade de dizer em que dia da semana caiu ou cairá uma data a séculos de distância). Um dos primeiros exemplos bem documentados desse tipo de prodígio foi Thomas Bethune, ou Blind Tom (“Tom Cego” ) – um americano nascido em 1850, que além de cego era escravo e autista. Também era capaz de escutar 20 páginas de partitura uma só vez e tocá-las no piano. Aos 16 anos, Tom havia memorizado cerca de 7 mil músicas.
Por que a maior parte do DNA não faz proteína?
Só cerca de 2% do DNA humano responde pela construção de proteínas. Esses são os genes propriamente ditos. Até a década passada, pensávamos que todo o DNA era formado por genes, ou seja, que cada trecho era responsável pela construção de uma proteína, e que esses trechos se sucediam de forma ininterrupta. Estávamos errados. Os genes se intercalam com longos trechos de DNA ainda sem função conhecida. Esses trechos foram inicialmente chamados de junk DNA, ou “DNA lixo”. Hoje, muitos pesquisadores acreditam ser normal o acúmulo de restos genéticos que a evolução tornou inúteis. Acontece que alguns desses trechos de DNA têm comportamento ativo, ainda que inexplicável – por exemplo, há os transpósons, ou genes saltadores, que mudam de lugar aleatoriamente e podem causar mutações fatais.
O que explica a rotação das galáxias?
Galáxias apresentam um movimento de rotação que pressupõe certa quantidade de matéria, para que a gravidade mantenha o conjunto coeso. No final dos anos 70, porém, a astrônoma Vera Rubin, do Instituto Carnegie, dos EUA, descobriu que a quantidade de matéria visível nas galáxias não chegava nem perto da necessária para produzir essa gravidade. Uma explicação proposta foi a existência de uma esquisitíssima e invisível “matéria escura”. Partículas chamadas neutrinos contariam como “matéria escura”, mas seriam apenas parte dela. O resto, especula-se sobre o que possa ser. Por mais que os cientistas ajeitem a conta, faltam uns bons 30% de matéria nas galáxias. Ou estão erradas nossas idéias sobre como funcionam a gravitação e a aceleração em escala galáctica. Essa é a proposta da teoria Mond, sigla em inglês para dinâmica newtoniana modificada. Seu autor, o israelense Mordechai Milgron, acha mais razoável esquecermos a tal “matéria escura” e revermos as leis de Newton.
Pode existir uma conciência global?
Pesquisadores ao redor do mundo, coordenados pela Universidade Princeton, acreditam ter constatado um fenômeno incrível: a mente humana pode agir a distância sobre eventos aleatórios. A idéia alucinada surgiu de uma rede de 65 computadores espalhados pelo globo, que geram seqüências aleatórias de números desde 1998. Os pesquisadores afirmam que as seqüências podem ser levemente empurradas para algum padrão. Seria o mesmo que assistir a alguém jogar uma moeda repetidamente e, com a força do pensamento, aumentar as chances de cair coroa. O feito seria obtido pela força de vontade coordenada de um grupo de pessoas ou durante eventos que comovem grandes populações, como o tsunami na Ásia em 2004. Por isso o nome Projeto de Consciência Global. Entendeu? Bem, os autores do estudo também não. Eles admitem que sua pesquisa está “na margem da compreensão humana”. Ah, sim, eles querem a ajuda de filósofos e poetas no projeto.
Como os animais pressentem coisas?
A quantidade surpreendentemente baixa de animais mortos no tsunami que varreu a Ásia no final de 2004 inspirou novas discussões sobre uma dúvida antiga: como funcionam os sentidos dos bichos? Melhor que os nossos, certamente, já que as pessoas não foram capazes de prever nem de fugir da onda gigante. Quase sempre, é possível encontrar explicações razoáveis para cada espécie, sem recorrer a nenhum hipotético “sexto sentido”. Bigodes de gatos, por exemplo, podem perceber ínfimos deslocamentos de ar ou um toque equivalente à milésima parte do peso de um fio de cabelo. Mesmo assim, os feitos dos animais obrigam os cientistas a atualizar freqüentemente o que sabem. Foi a partir dos anos 90 que se admitiu que o olfato dos cães chega a ser 1 milhão de vezes mais aguçado que o humano, embora a estrutura cerebral responsável por esse sentido seja “apenas” 40 vezes maior que a nossa.
Como funciona o efeito placebo?
O efeito placebo é conhecido há muito tempo, e respeitado a ponto de ser incluído em testes clínicos, para comparação com os efeitos dos medicamentos reais. Sabemos que ele se relaciona com a expectativa do paciente: o organismo, ao receber algo que a mente acredita ser remédio, é “convencido” a reagir de acordo. O mecanismo, ainda inexplicável, vem sendo estudado pelo médico Fabrizio Benedetti, da Universidade de Turim, Itália. No ano passado, ele monitorou a atividade cerebral de pacientes com mal de Parkinson, enquanto dava a eles uma solução salina inócua, que acreditavam ser remédio. Essa crença bastou para que os cérebros dos pacientes reagissem, reduzindo sintomas da doença, como tremores e rigidez. No sentido oposto, pacientes que eram tratados com remédio verdadeiro, mas sem o saber, continuavam manifestando os sintomas.
Por que a física tem constantes que são inconstantes?
A categoria “constante” – grandezas que não deveriam mudar nunca – já foi bem maltratada pela ciência. No momento, quem dá dor de cabeça aos físicos é a “constante da estrutura fina”, também conhecida como alfa. Ela define como a matéria interage com a força eletromagnética, incluindo a luz. Graças à alfa, os cientistas sabem quais características esperar da luz que viaja pelo espaço e atravessa nuvens interestelares antes de chegar à Terra. Em 1997, surpresa: o astrônomo John Webb captou luz com as qualidades erradas. Isso pode significar que a constante alfa varia ao longo da história do Universo. Amostras de material radioativo de 2 bilhões de anos na África reforçaram essa tese. Se a constante alfa for mesmo variável, pode ser que a velocidade da luz também seja – o que abre uma rachadura num dos principais pilares da relatividade e da física atual.
Ai Jesus! que raio são as partículas "oh-meu deus"?
Imagine a força devastadora de um elefante em disparada concentrada numa formiga – que, periodicamente, derruba o muro da sua casa. Desde 1991, cientistas já observaram pelo menos 15 vezes um fenômeno tão estarrecedor quanto esse, mas em escala muito maior: vindas do espaço, partículas subatômicas chegam à Terra com energia cinética equivalente à de uma bola de beisebol. O evento não se encaixa nas teorias vigentes. Por sua capacidade de fazer qualquer físico arrancar os cabelos, essas formigas atômicas do espaço foram apelidadas de “partículas oh-meu-Deus”. Provavelmente, são prótons viajando quase à velocidade da luz. Elas criaram o chamado paradoxo GZK, porque violam os limites definidos em 1966 pelos físicos Greisen, Zatsepin e Kuzmin. Segundo o trio GZK, partículas tão energéticas só poderiam vir de uma fonte relativamente próxima da Terra. Por isso, os cientistas procuraram o ponto de onde elas vieram. Não há nada por lá – pelo menos, nada visível para nós.
Que Força desconhecida empurrou as sondas pioneer?
A história da sonda Pioneer 10 já seria empolgante, mesmo que tudo tivesse ocorrido como previsto: a nave foi lançada em 1972 e tornou-se o primeiro objeto criado pelo homem a sair do sistema solar, em 1983. Manteve contato com a Terra durante 25 anos, até perder-se no espaço profundo, em 1997. A Pioneer 10 deixou um enigma: algum fator desconhecido começou a reduzir sua velocidade e empurrá-la de volta para o Sol, quando ela estava se aproximando de Plutão. A “força” desconhecida era ínfima, mas, dadas as distâncias espaciais, bastou para alterar a rota da nave em 400 mil km. O mesmo ocorreu com a Pioneer 11. Tentou-se explicar a anomalia com idéias prosaicas, como vazamentos de fluido nas naves ou problemas na análise de dados. Outras propostas, no campo da chamada “nova física”, foram bem mais ousadas, lembrando que talvez devamos mudar nossas concepções de tempo, espaço e gravidade em escalas cósmicas. Mas nenhuma explicação foi conclusiva. O mistério continua.
O que acelera a expansão do universo?
Que o Universo se expande, já sabemos desde 1929, quando o astrônomo norte-americano Edwin Hubble estudou o movimento de galáxias distantes. Mas faz apenas 7 anos que o Hubble – não o astrônomo, e sim o telescópio espacial batizado em sua homenagem – provou que essa expansão está acelerando. Que estranha força antigravidade seria essa? Alguns modelos foram propostos, incluindo nomes aparentemente saídos de Star Wars, como energia fantasma e quintáxion. Essas alternativas receberam o nome genérico de “energia escura”, pela dificuldade de detectá-la e por analogia com a também indecifrável “matéria escura” (veja na pág. 64). A “energia escura”, seja o que for, poderia contribuir com até 70% da densidade necessária para que o Universo tenha a forma que tem. Sem ela, o Universo – e nosso conhecimento sobre ele – ficam com um imenso vazio a preencher.
De onde vem o metano de marte?
“Conclui-se que a experiência Viking LR detectou microorganismos vivos no solo de Marte.” Essa afirmação para lá de bombástica está logo na introdução de um artigo científico escrito em 1997 pelo engenheiro ambiental Gilbert Levin, que foi pesquisador da Nasa durante 2 décadas. Ele é uma voz quase isolada na comunidade científica – a maior parte dos acadêmicos ainda espera o surgimento de mais evidências antes de comemorar a existência de vida no planeta vermelho. Levin, porém, acredita ter essas provas desde 1976, quando um dispositivo a bordo da sonda Viking verificou a ocorrência de metano, gás que pode indicar atividade biológica. O metano não duraria mais de 400 anos na atmosfera marciana – ou o gás foi produzido em grandes quantidades há poucos séculos ou é gerado continuamente até hoje. Desde o final dos anos 90, outros testes confirmaram a presença de metano (o último, em 2004, pela sonda européia Mars Express Orbiter).
Como a homeopatia dá resultado?
A resposta mais fácil é o efeito placebo (veja na pág. 64). A história ficou mais complicada desde que um grupo de cientistas céticos, entre eles a farmacologista irlandesa Madeleine Ennis, afirmou ter detectado efeitos da homeopatia em glóbulos brancos, em laboratório, em 2001. Como se sabe, glóbulos brancos não esperam nada do tratamento, ou seja, não são suscetíveis ao efeito placebo. Madeleine afirmou que sua pesquisa não comprovava o funcionamento da homeopatia – apenas constatava um fenômeno inexplicado. Na homeopatia, a substância original é diluída até milhões de vezes: o produto final é quase água pura. A tese central do tratamento, formulada pelo biólogo francês Jacques Benveniste, é de que a água retém propriedades da substância original, graças a uma “memória química” – o que não significa nada para a ciência ortodoxa. “Somos incapazes de explicar os dados e os reportamos para encorajar outros a investigar o fenômeno”, disse Madeleine.
Por que tanta gente vê ovnis?
Os ufólogos entraram no novo milênio animadíssimos com a publicação do livro Open Skies, Closed Minds (“Céus Abertos, Mentes Fechadas”, inédito no Brasil). O autor, Nick Pope, defende que pelo menos parte dos supostos avistamentos de objetos voadores não identificados (ovnis) sobre a Grã-Bretanha corresponde mesmo a artefatos de origem desconhecida e tecnologia ultra-avançada. Pope virou celebridade porque tem currículo diferente da maioria dos ufólogos: é um alto funcionário do Ministério da Defesa britânico. Apesar de nunca deixarem evidências inquestionáveis, os “contatos imediatos” ocorrem no mundo todo, com pessoas de todos os tipos – incluindo pilotos de aeronaves militares e civis. Ufólogos americanos afirmam que entre 15 milhões e 20 milhões de pessoas nos EUA dizem já ter visto ovnis. Alucinações coletivas existem, mas, se é esse o caso, ainda não há explicação razoável sobre por que essa, especificamente, seria tão freqüente e difundida.
A mente ignora quem faz cócegas em si mesmo
Por que não conseguimos provocar cócegas em nós mesmos?
Porque a capacidade de prever as conseqüências das nossas próprias ações faz o cérebro reagir diferentemente a um auto-estímulo. Ou seja, se você sabe que vai sentir cócegas, porque é você mesmo quem as está provocando, deixa de senti-las. Um estudo coordenado pela pesquisadora Sarah Blakemore, do Instituto de Neurologia da College University de Londres, em agosto passado, observou o cérebro de dois grupos de voluntários. Em um deles, a palma das mãos, onde normalmente se sentem cócegas, era tocada por um robô e, no outro, pelos próprios donos das mãos. Os exames revelaram que no primeiro grupo foram ativadas mais áreas cerebrais que interpretam os estímulos sensoriais do que no segundo
“Acreditamos que uma região do cérebro, o cerebelo, seja a responsável por prever as conseqüências sensoriais de nossos próprios movimentos”, diz Sarah Blakemore. “Nesse caso, ele enviou sinais para cancelar as respostas sensoriais interpretadas como cócegas produzidas pela própria pessoa.”
Porque a capacidade de prever as conseqüências das nossas próprias ações faz o cérebro reagir diferentemente a um auto-estímulo. Ou seja, se você sabe que vai sentir cócegas, porque é você mesmo quem as está provocando, deixa de senti-las. Um estudo coordenado pela pesquisadora Sarah Blakemore, do Instituto de Neurologia da College University de Londres, em agosto passado, observou o cérebro de dois grupos de voluntários. Em um deles, a palma das mãos, onde normalmente se sentem cócegas, era tocada por um robô e, no outro, pelos próprios donos das mãos. Os exames revelaram que no primeiro grupo foram ativadas mais áreas cerebrais que interpretam os estímulos sensoriais do que no segundo
“Acreditamos que uma região do cérebro, o cerebelo, seja a responsável por prever as conseqüências sensoriais de nossos próprios movimentos”, diz Sarah Blakemore. “Nesse caso, ele enviou sinais para cancelar as respostas sensoriais interpretadas como cócegas produzidas pela própria pessoa.”
Como a mente pode, sozinha, curar doenças?
Quem compra um remédio pode achar que só a fórmula do medicamento é que age. Falta um ingrediente essencial nisso: o poder da sua cabeça
Taí uma situação que vira e mexe deixa muito médico coçando a cabeça. Ao longo de anos de experiência clínica, não é difícil se deparar com histórias de pacientes que apresentam uma melhora acima da esperada ou até mesmo a reversão de um quadro que parecia sem solução. Milagre? Pouco provável. Apesar de ter tudo a ver com crenças. E não importa se a fé é em Deus ou na medicina. O fato de acreditar na cura é, em linhas gerais, o tal poder da mente – mais conhecido entre cientistas como efeito placebo.
Os placebos são muito usados em testes clínicos de novas drogas. Para determinar se uma determinada substância é eficiente, ela é comparada com uma inócua, quimicamente inativa. Assim, num estudo às cegas, metade de um grupo toma pílulas com o novo medicamento e a outra metade, pílulas de farinha. Em teoria, estes indivíduos não deveriam sentir nenhum benefício, mas na prática não é o que ocorre. Em média, cerca de 30% dos participantes que tomam placebo sentem alguma melhoria em sua situação.
RENASCENÇA PLACÉBICA
Desacreditado como mera sugestão do paciente e até ignorado por várias décadas, o efeito ganhou a atenção da ciência no início deste século, quando várias pesquisas começaram a mostrar que ele é realmente efetivo. E não somente nos testes clínicos. Ao “botar fé” que o tratamento recebido vai funcionar, o paciente desencadeia uma série de reações em seu corpo capazes de minimizar dores e melhorar a resposta do sistema imunológico (o exército de defesa do organismo).
Os mecanismos fisiológicos por trás desses resultados ainda não são bem compreendidos, mas alguns trabalhos já lançaram algumas pistas. Um estudo da Universidade de Wisconsin, divulgado em 2004, observou que pacientes mais otimistas quanto ao seu tratamento tendem a apresentar níveis mais baixos de cortisol, hormônio liberado em situação de estresse e que, em altas doses, pode inibir o funcionamento das defesas do organismo.
Outros estudos apontam que a expectativa de se sentir melhor aumenta no cérebro a liberação de dopamina, neurotransmissor associado ao prazer e à sensação de bem-estar. No ano passado, um grupo da Universidade de Michigan mostrou, em artigo na revista científica Neuron, que quanto maior era a confiança de um paciente nos benefícios de um suposto medicamento que ele estava tomando, maior era a liberação de dopamina.
A equipe, liderada por David Scott, observou por meio de imagens de ressonância magnética a ativação de uma região conhecida como núcleo acumbente. Ela faz parte do sistema de recompensa do cérebro, que reage diante de prazeres provocados por alimentos, bebidas, drogas, jogos, amor, dinheiro etc. Simulando o teste de um novo medicamento, os cientistas ofereceram a um grupo de voluntários somente pílulas de farinha. Em seguida, pediram que os participantes avaliassem quão grande era a expectativa deles sobre os efeitos do “remédio”, assim como o alívio da dor sentido após a ingestão da suposta droga inovadora. Os núcleos acumbentes dos mais confiantes foram os que mais se ativaram. E esses pacientes foram os que relataram menos dor após a ingestão do comprimido.
Em geral, essas e outras pesquisas apontam para a capacidade do organismo de combater doenças. A crença na melhora já se mostrou efetiva contra dores em geral, doenças ligadas ao estresse, alguns distúrbios psicológicos (como depressões leves) e até mesmo asma, artrite ou impotência. É o cérebro ajudando a si mesmo.
Efeito nocebo é o nome dado à versão do mal do efeito placebo: o remédio faz mal se a pessoa acreditar nisso.
Taí uma situação que vira e mexe deixa muito médico coçando a cabeça. Ao longo de anos de experiência clínica, não é difícil se deparar com histórias de pacientes que apresentam uma melhora acima da esperada ou até mesmo a reversão de um quadro que parecia sem solução. Milagre? Pouco provável. Apesar de ter tudo a ver com crenças. E não importa se a fé é em Deus ou na medicina. O fato de acreditar na cura é, em linhas gerais, o tal poder da mente – mais conhecido entre cientistas como efeito placebo.
Os placebos são muito usados em testes clínicos de novas drogas. Para determinar se uma determinada substância é eficiente, ela é comparada com uma inócua, quimicamente inativa. Assim, num estudo às cegas, metade de um grupo toma pílulas com o novo medicamento e a outra metade, pílulas de farinha. Em teoria, estes indivíduos não deveriam sentir nenhum benefício, mas na prática não é o que ocorre. Em média, cerca de 30% dos participantes que tomam placebo sentem alguma melhoria em sua situação.
RENASCENÇA PLACÉBICA
Desacreditado como mera sugestão do paciente e até ignorado por várias décadas, o efeito ganhou a atenção da ciência no início deste século, quando várias pesquisas começaram a mostrar que ele é realmente efetivo. E não somente nos testes clínicos. Ao “botar fé” que o tratamento recebido vai funcionar, o paciente desencadeia uma série de reações em seu corpo capazes de minimizar dores e melhorar a resposta do sistema imunológico (o exército de defesa do organismo).
Os mecanismos fisiológicos por trás desses resultados ainda não são bem compreendidos, mas alguns trabalhos já lançaram algumas pistas. Um estudo da Universidade de Wisconsin, divulgado em 2004, observou que pacientes mais otimistas quanto ao seu tratamento tendem a apresentar níveis mais baixos de cortisol, hormônio liberado em situação de estresse e que, em altas doses, pode inibir o funcionamento das defesas do organismo.
Outros estudos apontam que a expectativa de se sentir melhor aumenta no cérebro a liberação de dopamina, neurotransmissor associado ao prazer e à sensação de bem-estar. No ano passado, um grupo da Universidade de Michigan mostrou, em artigo na revista científica Neuron, que quanto maior era a confiança de um paciente nos benefícios de um suposto medicamento que ele estava tomando, maior era a liberação de dopamina.
A equipe, liderada por David Scott, observou por meio de imagens de ressonância magnética a ativação de uma região conhecida como núcleo acumbente. Ela faz parte do sistema de recompensa do cérebro, que reage diante de prazeres provocados por alimentos, bebidas, drogas, jogos, amor, dinheiro etc. Simulando o teste de um novo medicamento, os cientistas ofereceram a um grupo de voluntários somente pílulas de farinha. Em seguida, pediram que os participantes avaliassem quão grande era a expectativa deles sobre os efeitos do “remédio”, assim como o alívio da dor sentido após a ingestão da suposta droga inovadora. Os núcleos acumbentes dos mais confiantes foram os que mais se ativaram. E esses pacientes foram os que relataram menos dor após a ingestão do comprimido.
Em geral, essas e outras pesquisas apontam para a capacidade do organismo de combater doenças. A crença na melhora já se mostrou efetiva contra dores em geral, doenças ligadas ao estresse, alguns distúrbios psicológicos (como depressões leves) e até mesmo asma, artrite ou impotência. É o cérebro ajudando a si mesmo.
Efeito nocebo é o nome dado à versão do mal do efeito placebo: o remédio faz mal se a pessoa acreditar nisso.
processo de seleção da Volkswagen
Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: “Você tem experiência?” A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.
REDAÇÃO VENCEDORA:
Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar. Já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto. Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo. Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro. Já me cortei fazendo a barba apressado. Já chorei ouvindo música no ônibus. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrela. Já subi em árvore pra roubar fruta. Já caí da escada de bunda. Já fiz juras eternas. Já escrevi no muro da escola. Já chorei sentado no chão do banheiro. Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já corri pra não deixar alguém chorando. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado. Já me joguei na piscina sem vontade de voltar. Já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios. Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro.Já tremi de nervoso. Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da n oite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua. Já gritei de felicidade. Já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um “para sempre” pela metade. Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: “Qual sua experiência?”. Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência… experiência… Será que ser “plantador de sorrisos” é uma boa experiência? Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? Quem a tem, se a todo momento, tudo se renova…?
REDAÇÃO VENCEDORA:
Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar. Já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto. Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo. Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro. Já me cortei fazendo a barba apressado. Já chorei ouvindo música no ônibus. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrela. Já subi em árvore pra roubar fruta. Já caí da escada de bunda. Já fiz juras eternas. Já escrevi no muro da escola. Já chorei sentado no chão do banheiro. Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já corri pra não deixar alguém chorando. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado. Já me joguei na piscina sem vontade de voltar. Já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios. Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro.Já tremi de nervoso. Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da n oite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua. Já gritei de felicidade. Já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um “para sempre” pela metade. Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: “Qual sua experiência?”. Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência… experiência… Será que ser “plantador de sorrisos” é uma boa experiência? Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? Quem a tem, se a todo momento, tudo se renova…?
Quando você perceber que um colega está aborrecido ou irritado com você,fale com ele e tente esclarecer a situação.Por mais tentador que seja evitar uma conversa desagradável,saiba que casos como esse nunca se resolvem sozinhos.Mesmo que as coisas entre você e seu colega pareçam ter voltado ao normal,a frustração não verbalizada afetará seus relacionamentos e,consequentemente,seu trabalho.
Antes de tentar esclarecer algo,pergunte a si mesmo o que pode estar errado.Se tem consciência de que errou,desculpe-se imediatamente.Você ficará surpreso com a rapidez com que o assunto será resolvido.Mas,se não souber qual é o problema,pergunte.Esteja aberto para qualquer resposta.Se você não concordar,explique como se sente,sem fazer acusações ou atribuir culpa.O simples fato de a outra pessoa aceitar que você pense diferente mostra que a confiança foi restabelecida.
Se for possível,converse pessoalmente;se não,faça-o por telefone.Na próxima vez que encontrar esse colega,aperte sua mão e mostre que não guardou mágoa.Deixe claro quanto você valoriza essa relação.
O medo de ter abalado um relacionamento irá corroê-lo até você confrontar a situação.Por isso,se sentir que há algo errado,converse e desfaça qualquer mal-entendido
Quem vence a si mesmo é invencível
Um açougueiro estava em sua loja e ficou surpreso quando um cachorro entrou.
Ele espantou o cachorro, mas logo o cãozinho voltou.
Novamente ele tentou espantá-lo, foi quando viu que o animal trazia um bilhete na boca.
Ele pegou o bilhete e leu:
- Pode me mandar 12 salsichas e uma perna de carneiro, por favor.
Assinado…. Ele olhou e viu que dentro da boca do cachorro havia uma nota de 50 Reais. Então ele pegou o dinheiro, separou as salsichas e a perna de carneiro, colocou numa embalagem plástica, junto com o troco, e pôs na boca do cachorro.
O açougueiro ficou impressionado e como já era mesmo hora de fechar o açougue, ele decidiu seguir o animal.
O cachorro desceu a rua, quando chegou ao cruzamento deixou a bolsa no chão, pulou e apertou o botão para fechar o sinal. Esperou pacientemente com o saco na boca até que o sinal fechasse e ele pudesse atravessar a rua.
O açougueiro e o cão foram caminhando pela rua, até que o cão parou em uma casa e pôs as compras na calçada.
Então, voltou um pouco, correu e se atirou contra a porta.
Tornou a fazer isso. Ninguém respondeu na casa.
Então, o cachorro circundou a casa, pulou um muro baixo, foi até a janela e começou a bater com a cabeça no vidro várias vezes.
Depois disso, caminhou de volta para a porta, e foi quando alguém abriu a porta e começou a bater no cachorro.
O açougueiro correu até esta pessoa e o impediu, dizendo:
- Por Deus do céu,o que você está fazendo? O seu cão é um gênio!
A pessoa respondeu:
- Um gênio? Esta já é a segunda vez esta semana que este estúpido ESQUECE a chave!!!
Moral da História:
Você pode continuar excedendo às expectativas, mas para os olhos de alguns, você estará sempre abaixo do esperado.
Qualquer um pode suportar a adversidade, mas se quiser testar o caráter de alguém, dê-lhe o poder.
Se algum dia alguém lhe disser que seu trabalho não é o de um profissional, lembre-se:
Amadores construíram a Arca de Noé e profissionais, o Titanic.
Quem conhece os outros é inteligente.
Quem conhece a si mesmo é iluminado.
Quem vence os outros é forte.
Quem vence a si mesmo é invencível!!
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