Antes de qualquer coisa, você precisa saber que “empatia”, “harmonia”, “contato” ou “rapport” são palavras sinônimas dentro do estudo de PNL. Todas se referem a um nível de relacionamento interpessoal onde você se sente identificado com a(s) pessoa(s) com quem se comunica.
Eis um bom exemplo para ilustrar o que é empatia. Pense em conversas por telefone. Já deve ter acontecido com você a seguinte situação: você está tendo uma agradável conversa com um(a) amigo(a), quando de repente, por um motivo qualquer, ele(a) diminui repentinamente a intensidade da voz e passa a falar “mais baixinho”. Você estranha essa mudança súbita e pergunta: “Por que você está falando assim”? Detalhe: sem perceber, você também passou a falar “mais baixinho”!
Isso aconteceu porque você estava ligado à outra pessoa por um “laço empático”; em outras palavras, você estava “em contato” com ela. Diariamente, estabelecemos (ou não) empatia com as pessoas à nossa volta sem nos darmos conta disso. Quando há este laço unindo duas pessoas, os diálogos fluem com naturalidade, ambas se sentem muito à vontade na presença do outro e, também, tendem a adotar posturas corporais semelhantes!
Robbins (2001, p.220) fala um pouco mais sobre a empatia: “Quer conhecer o pior clichê já forjado? ‘Os opostos se atraem.’ Como todas as coisas que são falsas, há nisso um elemento de verdade. Quando as pessoas têm bastante em comum, os elementos de diferença acrescentam uma certa excitação nas coisas. Mas, acima de tudo, quem é atraente para você? Com quem você quer passar o tempo? Você está procurando alguém que discorde de você em tudo, que tenha interesses diferentes, que goste de dormir quando você quer brincar, e de brincar quando você quer dormir? Claro que não. Você quer estar com pessoas que sejam como você e, no entanto, únicas”.
A técnica do espelhamento
Você já deve estar percebendo que a empatia é conquistada quando há elementos comuns entre duas pessoas. Podemos, assim, facilitar o processo de empatia utilizando a técnica do espelhamento. Consiste em imitarmos de forma gentil e respeitosa os comportamentos da pessoa com quem desejamos criar o “laço empático”.
“O ‘contato’ pode ser construído à base de comportamentos que combinam. Discordar de pessoas não irá formar um contato (rapport). Falar mais depressa do que as pessoas possam ouvir não irá formar contato. Falar a respeito de sentimentos ou sensações quando as pessoas estão fazendo imagens visuais não formará contato. Mas se você calibrar o andamento de sua voz pela taxa da respiração da pessoa, se você piscar na mesma velocidade que os outros piscam, se balançar a cabeça afirmativamente com a mesma velocidade em que eles balançam, se você balançar no mesmo ritmo em que estão balançando, e se você disser as coisas que na realidade devam mesmo ser pertinentes, ou as coisas que você sentir que têm a ver com a situação, estará formando o contato”. (Grinder e Bandler, 1984, p. 27).
Caro leitor, convido você a fazer uma experiência ao longo dos próximos dias. Ao se perceber conversando com qualquer pessoa, procure falar com a mesma velocidade em que ela fala; gesticule (de maneira respeitosa!) da mesma forma que ela; se estiver sentada, sente-se também; se estiver com as pernas cruzadas, cruze-as também. Se a pessoa costuma lhe tocar enquanto conversa, toque-a, e se utiliza freqüentemente alguma expressão verbal característica, utilize também. Fazendo isso, você já estará praticando a técnica do espelhamento. Quanto aos resultados, deixarei você por conta de sua própria curiosidade e de suas próprias conclusões!
Falando para todas as linguagens
Há ainda uma outra informação importante a ser acrescentada e que contribuirá para se estabelecer uma empatia mais eficaz.
Vivenciamos as experiências de nossas vidas através dos cinco órgãos sensoriais: visão, audição, tato, paladar e olfato. Estes são os cinco canais com os quais entramos em contato com o mundo, seja no “aqui-e-agora”, seja em nossas lembranças. Além disso, podemos deduzir que qualquer experiência tornar-se-á mais rica à medida que a vivenciarmos utilizando conscientemente o maior número possível de órgãos sensoriais.
Podemos exemplificar o parágrafo anterior remetendo-nos à sala de aula. Se o aluno prestar atenção apenas ao que o professor fala (audição), não terá uma experiência completa do assunto abordado. No entanto, se também estiver se sentindo motivado (cinestesia interna), prestar atenção aos esquemas visuais do quadro-negro (visão) e participar de dinâmicas em grupo que o faça praticar as instruções aprendidas (cinestesia externa), provavelmente sua aprendizagem será mais eficaz e será retida durante mais tempo em sua memória. É claro que caberá ao professor proporcionar aos alunos todas essas formas de vivência.
Em PNL, dá-se o nome de “sistemas representacionais” aos nossos canais sensoriais. Uma coisa interessante a ser notada é que, em geral, optamos por utilizar somente um destes canais, pois é difícil estarmos conscientes dos cinco ao mesmo tempo.
Assim, há pessoas que se comunicam utilizando principalmente metáforas visuais. Ao descreverem, por exemplo, um acidente de trânsito, essas pessoas poderiam dizer: “Eu vi! Eu vi tudo com meus próprios olhos! Eu vi quando o carro preto atravessou o farol vermelho a toda velocidade! Ficou claro que a culpa foi dele!”.
Outros preferem as metáforas auditivas para se expressarem. É provável que descrevessem o mesmo acidente da seguinte maneira: “Só lembro de ter escutado uma buzina e, logo depois, uma forte freada! Aí não teve jeito: CRASH! O estrondo foi igualzinho ao de uma explosão!”.
Um outro grupo de pessoas utilizaria metáforas cinestésicas (referentes ao tato e às sensações interiores) para falarem sobre o acidente: “Foi horrível... senti uma agonia, um aperto aqui no peito quando pressenti que o pior iria acontecer... e não deu outra...”.
Não é tão comum, mas há quem goste de usar metáforas olfativas ou gustativas para se expressarem. É o caso de expressões como “Há um cheiro de confusão no ar”, “Esse acidente é um prato cheio para jornalistas”, ou ainda “O motorista provou do amargo sabor da irresponsabilidade”.
Algo que irá incrementar a sensação de empatia é identificar qual sistema representacional a pessoa com quem você conversa está utilizando naquele momento. Se você espelhá-la também neste nível e construir suas frases utilizando o mesmo sistema representacional identificado, é muito provável que a sensação de harmonia seja ainda maior! Experimente!
Aplicações na sala de aula
Agora que já sabemos o que é empatia e como a conquistamos, você pode começar a imaginar como aplicaria estes conhecimentos na sala de aula, a fim de capturar o interesse e a atenção do maior número possível de alunos.
Ao lidar com um grupo grande de pessoas, o espelhamento deve acontecer de forma mais “generalizada”, pois não temos como espelhar as pistas verbais e não-verbais de todos os alunos. O que você pode fazer é, por exemplo, perceber que todos estão sentados e, então, iniciar a sua aula estando sentado também.
Se não há uma cadeira para você, é possível solicitar para os alunos ficarem em pé logo no começo da aula, a fim de realizar alguns alongamentos em grupo. Além de “despertá-los”, isso os deixará em um estado de “alerta relaxado”, muito bom para a aprendizagem. Agindo assim, você estará demonstrando seu interesse pelo bem-estar da turma e favorecerá o estabelecimento de um “laço empático” forte e eficaz.
Logo após o alongamento, pode-se fazer alguma dinâmica de grupo que promova a interação social entre aluno-aluno e aluno-professor. Isso costuma ser bastante divertido, não ocupa muito tempo e cria bastante empatia entre todos.
Em qualquer momento da aula, contar algum caso ou história pode ser uma alternativa interessante de recuperar a atenção dos ouvintes e restabelecer a empatia. Piadas (se você souber), dependendo da ocasião, também podem funcionar bem. Outra forma muito eficaz de prender a atenção é ilustrar o que está sendo ensinado com exemplos da própria realidade dos alunos.
Quando, em minha aula, algum aluno levanta a mão e diz que ainda não compreendeu o que estou explicando, procuro me dirigir até próximo dele, sento-me ao seu lado e faço algum comentário informal e descontraído, talvez sobre seu time de futebol, ou sobre sua roupa, etc. Em seguida, peço para que me diga o que acha ter entendido. A partir do que ele me disser, corrijo, acrescento ou confirmo as informações.
Note que, em primeiro lugar, busco espelhar sua posição corporal, para que se inicie a empatia entre nós. A função do comentário informal é fazer com que ele se identifique comigo e quebre qualquer resistência que possa estar tendo com relação à minha pessoa. Enquanto me explica o que entendeu, posso deduzir qual sistema representacional utilizarei para lhe explicar novamente o conteúdo, se necessário.
Por fim, o professor deve se expressar utilizando em igual proporção todos os sistemas representacionais abordados no texto. Deve explicar a matéria, utilizar o quadro-negro ou outros recursos visuais, promover dinâmicas de grupo ou promover excursões, etc. Desta forma, criará experiências ricas em recursos sensoriais e a retenção será, sem dúvida, mais duradoura.
Lembre-se de que há, por aí, vários professores que ministram aulas totalmente expositivas (só “faladas”, sem promover dinâmicas de grupo ou sequer utilizar a lousa). Não deveriam ficar espantados ao perceberem que, depois de um certo tempo, a classe está fatigada, com alguns alunos até “roncando” lá no “fundão” da sala... E a culpa não é dos alunos! É do professor, que deveria promover uma aula mais interessante e interativa.
Quero deixar registrado, aqui, que os professores que sabem cativar a classe através de seu carisma pessoal são os mais amigos da turma e detêm uma autoridade natural sobre os alunos. É possível ter autoridade sem ser autoritário e é dessa forma que pensam os verdadeiros líderes em sala de aula. É sobre este tipo de líder que estou falando; e estas técnicas servem para se conquistar o respeito da turma ou da platéia de uma forma natural e não impositiva.
Este texto falou sobre como o professor pode cativar a classe e estabelecer empatia com seus alunos, utilizando basicamente a técnica do espelhamento de sinais verbais e não-verbais. Logo abaixo, há um “link” onde você pode escrever seus comentários, que são sempre muito bem-vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre crenças e valores na sala de aula. Até a próxima oportunidade!
Referências Bibliográficas
BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998.
Enfrentando a Audiência. São Paulo: Summus, 1997.
GRINDER, John; BANDLER, Richard. Atravessando: passagens em psicoterapia. São Paulo: Summus, 1984.
O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
Introdução à Programação Neurolingüística. São Paulo: Summus, 1995.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Crenças
Conta uma lenda que estavam duas crianças patinando em um lago congelado. Era uma tarde nublada e fria, e as crianças brincavam sem preocupação.
De repente, o gelo se quebrou e uma das crianças caiu na água. A outra, vendo que seu amiguinho se afogava debaixo do gelo, pegou uma pedra e começou a golpear com todas as suas forças, conseguindo quebrar o gelo e salvar seu colega.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao garoto:
- Como você conseguiu fazer isso? Será possível que você tenha quebrado o gelo com essa pedra e com suas mãos tão pequenas?
Nesse instante, apareceu um ancião, que disse:
- Eu sei como ele conseguiu!
- Como? – todos perguntaram.
O ancião respondeu:
- Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que ele não seria capaz...
(texto recebido por e-mail, de autoria desconhecida).
O que são crenças?
“As crenças são generalizações que fazemos a nosso respeito, acerca de outras pessoas e do mundo ao nosso redor. Elas são os princípios que orientam nossas ações. Geralmente, pensamos nas crenças como ‘tudo ou nada’ e achamos que as coisas nas quais acreditamos são sempre verdadeiras” (O’Connor e Seymour, 1996, p. 105).
Se perguntássemos a um esportista: “Por que você treina tanto?”, sua resposta poderia ser: “Quero ser o melhor atleta de minha categoria e trazer uma medalha de ouro para o Brasil, nas Olimpíadas”. Por trás de sua resposta, há várias crenças: “acredito em meu potencial para ir às Olimpíadas”; “a determinação fará de mim um atleta melhor”; “se estiver devidamente preparado, terei condições de trazer uma medalha de ouro para o Brasil”, entre outras.
Observem que as crenças do atleta o movem de forma poderosa para uma direção certa. Não são a garantia absoluta do sucesso, mas geram uma força essencial para quem o quer alcançar. Segundo Robbins (2001, p. 65), as crenças são ordens dirigidas para o cérebro. “Quando acreditamos com convicção que alguma coisa é verdade, é como se mandássemos um comando para nosso cérebro, de como representar o que está ocorrendo”.
As crenças relacionam-se fortemente com os estados emocionais. A partir do momento em que acreditamos em algo, toda a nossa fisiologia muda a respeito daquilo, junto com nossas representações internas e comportamentos. Passamos a agir como se aquela informação fosse mesmo verdade e conseguimos, muitas vezes, alcançar objetivos inimagináveis.
Será que o garotinho da história lida no início deste texto teria conseguido quebrar o gelo e salvar seu amigo, se em algum momento duvidasse de sua capacidade? Ou, então, qual seria o nível de motivação do atleta de nosso exemplo, se não acreditasse em seu próprio potencial?
Por darem força e direção às nossas ações, as crenças precisam ser escolhidas com muito cuidado e devem ser constantemente examinadas. “Crenças que limitam suas ações e pensamentos podem ser tão devastadoras como as crenças cheias de recursos podem ser fortalecedoras” (Robbins, 2001, p. 65).
Muitos de vocês já devem ter ouvido falar no efeito placebo. “Pessoas a quem se diz que uma droga terá um certo efeito muitas vezes experimentarão esse efeito, mesmo quando recebem uma pílula inócua, sem propriedades ativas”. (Robbins, 2001, p. 67). Este é mais um exemplo de como as crenças afetam nossa interpretação da realidade, colocando em xeque muitas de nossas convicções.
Cultivamos crenças sobre nós mesmos e sobre outras pessoas; sobre o que é ou não possível de acontecer em nossas vidas e sobre nossa própria capacidade. Originam-se a partir de nossa educação, do exemplo de pessoas importantes, de traumas passados e de experiências repetidas (O’Connor e Seymour, 1995, p. 98).
É simples identificar crenças em conversas do cotidiano. Geralmente, são expressas verbalmente através das seguintes frases:
“Se eu fizer isso... aquilo vai acontecer”;
“Eu posso...” ou “Eu não posso...”
“Eu devo...” ou “Eu não devo...”
“Eu tenho que...” ou “Eu não tenho que...” (O’Connor e Seymour, 1995, p. 98).
Quer você acredite que pode, quer acredite que não pode fazer algo...
VOCÊ ESTÁ CERTO!
Na sala de aula...
Uma das disciplinas mais temidas pelos alunos do Ensino Médio é a FÍSICA. A crença de que se trata de uma matéria de difícil assimilação passa de pais para filhos, criando um bloqueio na mente dos estudantes e uma “pré-indisposição” para sua aprendizagem. Na verdade, os conceitos da Física ocorrem o tempo todo ao nosso redor e estão bastante ligados à nossa realidade. Quando ensinados de forma vivenciada e lúdica, são facilmente aprendidos por qualquer pessoa.
A Física é um bom exemplo de como crenças limitantes podem prejudicar nossa capacidade de aprendizagem. Ao atuar na sala de aula, o professor deve ter consciência de que transmitirá aos alunos, por meio de palavras e atitudes, crenças limitantes ou fortalecedoras: estas deverão ser difundidas, enquanto aquelas não poderão ser perpetuadas.
Compartilhemos, a seguir, algumas crenças úteis para serem adotadas na sala de aula.
- Não existem alunos resistentes, mas sim professores inflexíveis. Os alunos são capazes de aprender qualquer assunto, desde que ensinados da maneira correta. Se alguma vez você já disse que “fulano não é capaz de aprender tal coisa”, talvez esta seja a hora de você rever seus conceitos. É muito mais provável que você não dispusesse de ferramentas suficientes para ensinar o aluno naquela hora. Quiçá não quisesse assumir que não conhecia outra abordagem para aquele assunto. De qualquer forma, ao agir como se esta crença fosse verdadeira, você estará sempre buscando novos caminhos para aprimorar seus conhecimentos e terá, como professor, um progresso contínuo.
- Cada aluno possui sua própria maneira de aprender. Em qualquer grupo de alunos, encontramos uma minoria que não acompanha o ritmo de aprendizagem do restante da classe. Não se trata de estudantes incapazes: são, apenas, pessoas que aprendem de forma diferente. Esses estudantes precisam de outras abordagens para aprender aquele mesmo assunto.
Ao estudarmos as técnicas de PNL, observamos que cada aluno tem sua própria estratégia de aprendizagem. A princípio, isso não é nenhuma novidade, pois estamos cansados de saber que “cada aluno é único e merece um cuidado diferenciado dos demais”. No entanto, são poucos os professores que entram na sala preparados para ensinar um mesmo assunto com pelo menos duas estratégias diferentes. Quanto maior o número de abordagens, maiores as chances de ser compreendido por todos os alunos da classe. Cabe ao professor experimentar que tipo de estratégia funciona melhor com sua turma.
- Acredite na capacidade dos alunos. Se o professor iniciar a aula julgando que seus alunos não conseguirão entender o que tem para dizer, é muito provável que realmente não o consigam. Sinais não-verbais de desmotivação e desinteresse serão transmitidos de forma inconsciente à classe e será formada uma barreira entre o professor e os alunos. Lembre-se de ter nas mãos estratégias diferenciadas, para atingir o maior número de alunos que puder.
Eis um excerto extraído de O’Connor e Seymour (1995, p.98), que ilustra bem este tópico. “Em uma pesquisa, uma turma de crianças de idêntico QI foi dividida em dois grupos. Os professores foram avisados de que um dos grupos tinha um QI mais alto, e que, portanto, devia se sair melhor do que o outro. Embora a única diferença entre os dois grupos fosse a expectativa dos professores (uma crença), o grupo supostamente dotado de QI mais alto obteve melhores resultados em testes posteriores”.
- Acredite em sua própria capacidade. Afinal, você estudou e se preparou para estar ali, diante dos alunos. Com certeza, você tem informações muito valiosas para transmitir. Portanto, fale sobre as coisas que você sabe da melhor forma possível e confie em seu potencial didático.
Pelos mesmos motivos expostos acima (sinais não-verbais), se você iniciar a aula sem a devida segurança, os alunos irão perceber que algo está errado. Se não estiver preparado para falar, é preferível deixar o assunto para outro dia.
- Todo comportamento possui uma intenção positiva. Essa crença está fundamentada na seguinte pressuposição da PNL: “As pessoas fazem a melhor escolha que podem no momento”. Podemos, assim, tentar compreender o porquê de alguns comportamentos aparentemente inusitados de nossos alunos, como o ato de arremessar uma bolinha de papel na cabeça do colega!
A maioria das intenções positivas está, na verdade, em nível inconsciente. Necessidade de auto-afirmação, carência de carinho, desejo de se aproximar de um colega ou até mesmo vontade de ser notado pelo professor pode levar os alunos a adotarem comportamentos inadequados e até mesmo agressivos.
Se o professor conseguir identificar a intenção positiva daquele comportamento indesejado (seja através de uma conversa, da observação e/ou da reflexão), poderá oferecer ao aluno uma forma mais adequada de conseguir o mesmo objetivo.
Observe como o casal Andreas utilizou este princípio na educação de seus filhos:
“Quando nossos filhos eram crianças, entrei na sala de estar um dia e vi Mark, de três anos, batendo em Loren, que estava então com um ano. Como Mark estava batendo forte, intervim rapidamente para evitar que Loren se machucasse. ‘Não, Mark!’, disse, de maneira clara e firme, enquanto separava os dois. ‘Não quero que bata em Loren’. Ajoelhei-me ao lado de Mark e, mudando completamente o tom de voz, perguntei com delicadeza: ‘Mark, o que estava fazendo?’. ‘Quero que Loren fique longe dos meus blocos de madeira’, ele respondeu”.
“Era compreensível. Com apenas um ano de idade, Loren era bastante agitada e achava muito engraçado derrubar os blocos de madeira. ‘Parece uma boa idéia’. Concordei inteiramente com a intenção positiva de Mark. ‘Vamos ver se podemos colocar sua torre em lugar seguro. Quer que o ajude a colocar a torre em cima da mesa, para que Loren não possa alcançá-la?’. ‘Quero’. Mark achou que era uma boa idéia. ‘Assim está bem melhor! Agora você pode construir sua torre e ela estará bem segura!’” (Andreas, Steve e Connirae, 1993, pp. 97 e 98).
Neste texto, estudamos o que são crenças e sua importância em nossas vidas. Além disso, compartilhei com você os princípios mais importantes para um ensino eficaz e consistente.
Convido-o, caro professor, a refletir sobre estas e outras crenças que você cultiva. Espero que, a partir de agora, estes ensinamentos sirvam como princípios orientadores para suas ações nas aulas. Logo abaixo, há um “link” onde você pode escrever seus comentários sobre o texto, que são sempre muito bem-vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre os valores na sala de aula. Até mais!
Referências Bibliográficas
- ANDREAS, Steve e Connirae. A Essência da Mente. São Paulo: Summus, 1993.
- BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
- CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
- DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998.
- GRINDER, John; BANDLER, Richard. Atravessando: passagens em psicoterapia. São Paulo: Summus, 1984.
- O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
- O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
- PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
- ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
- WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
- WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
De repente, o gelo se quebrou e uma das crianças caiu na água. A outra, vendo que seu amiguinho se afogava debaixo do gelo, pegou uma pedra e começou a golpear com todas as suas forças, conseguindo quebrar o gelo e salvar seu colega.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao garoto:
- Como você conseguiu fazer isso? Será possível que você tenha quebrado o gelo com essa pedra e com suas mãos tão pequenas?
Nesse instante, apareceu um ancião, que disse:
- Eu sei como ele conseguiu!
- Como? – todos perguntaram.
O ancião respondeu:
- Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que ele não seria capaz...
(texto recebido por e-mail, de autoria desconhecida).
O que são crenças?
“As crenças são generalizações que fazemos a nosso respeito, acerca de outras pessoas e do mundo ao nosso redor. Elas são os princípios que orientam nossas ações. Geralmente, pensamos nas crenças como ‘tudo ou nada’ e achamos que as coisas nas quais acreditamos são sempre verdadeiras” (O’Connor e Seymour, 1996, p. 105).
Se perguntássemos a um esportista: “Por que você treina tanto?”, sua resposta poderia ser: “Quero ser o melhor atleta de minha categoria e trazer uma medalha de ouro para o Brasil, nas Olimpíadas”. Por trás de sua resposta, há várias crenças: “acredito em meu potencial para ir às Olimpíadas”; “a determinação fará de mim um atleta melhor”; “se estiver devidamente preparado, terei condições de trazer uma medalha de ouro para o Brasil”, entre outras.
Observem que as crenças do atleta o movem de forma poderosa para uma direção certa. Não são a garantia absoluta do sucesso, mas geram uma força essencial para quem o quer alcançar. Segundo Robbins (2001, p. 65), as crenças são ordens dirigidas para o cérebro. “Quando acreditamos com convicção que alguma coisa é verdade, é como se mandássemos um comando para nosso cérebro, de como representar o que está ocorrendo”.
As crenças relacionam-se fortemente com os estados emocionais. A partir do momento em que acreditamos em algo, toda a nossa fisiologia muda a respeito daquilo, junto com nossas representações internas e comportamentos. Passamos a agir como se aquela informação fosse mesmo verdade e conseguimos, muitas vezes, alcançar objetivos inimagináveis.
Será que o garotinho da história lida no início deste texto teria conseguido quebrar o gelo e salvar seu amigo, se em algum momento duvidasse de sua capacidade? Ou, então, qual seria o nível de motivação do atleta de nosso exemplo, se não acreditasse em seu próprio potencial?
Por darem força e direção às nossas ações, as crenças precisam ser escolhidas com muito cuidado e devem ser constantemente examinadas. “Crenças que limitam suas ações e pensamentos podem ser tão devastadoras como as crenças cheias de recursos podem ser fortalecedoras” (Robbins, 2001, p. 65).
Muitos de vocês já devem ter ouvido falar no efeito placebo. “Pessoas a quem se diz que uma droga terá um certo efeito muitas vezes experimentarão esse efeito, mesmo quando recebem uma pílula inócua, sem propriedades ativas”. (Robbins, 2001, p. 67). Este é mais um exemplo de como as crenças afetam nossa interpretação da realidade, colocando em xeque muitas de nossas convicções.
Cultivamos crenças sobre nós mesmos e sobre outras pessoas; sobre o que é ou não possível de acontecer em nossas vidas e sobre nossa própria capacidade. Originam-se a partir de nossa educação, do exemplo de pessoas importantes, de traumas passados e de experiências repetidas (O’Connor e Seymour, 1995, p. 98).
É simples identificar crenças em conversas do cotidiano. Geralmente, são expressas verbalmente através das seguintes frases:
“Se eu fizer isso... aquilo vai acontecer”;
“Eu posso...” ou “Eu não posso...”
“Eu devo...” ou “Eu não devo...”
“Eu tenho que...” ou “Eu não tenho que...” (O’Connor e Seymour, 1995, p. 98).
Quer você acredite que pode, quer acredite que não pode fazer algo...
VOCÊ ESTÁ CERTO!
Na sala de aula...
Uma das disciplinas mais temidas pelos alunos do Ensino Médio é a FÍSICA. A crença de que se trata de uma matéria de difícil assimilação passa de pais para filhos, criando um bloqueio na mente dos estudantes e uma “pré-indisposição” para sua aprendizagem. Na verdade, os conceitos da Física ocorrem o tempo todo ao nosso redor e estão bastante ligados à nossa realidade. Quando ensinados de forma vivenciada e lúdica, são facilmente aprendidos por qualquer pessoa.
A Física é um bom exemplo de como crenças limitantes podem prejudicar nossa capacidade de aprendizagem. Ao atuar na sala de aula, o professor deve ter consciência de que transmitirá aos alunos, por meio de palavras e atitudes, crenças limitantes ou fortalecedoras: estas deverão ser difundidas, enquanto aquelas não poderão ser perpetuadas.
Compartilhemos, a seguir, algumas crenças úteis para serem adotadas na sala de aula.
- Não existem alunos resistentes, mas sim professores inflexíveis. Os alunos são capazes de aprender qualquer assunto, desde que ensinados da maneira correta. Se alguma vez você já disse que “fulano não é capaz de aprender tal coisa”, talvez esta seja a hora de você rever seus conceitos. É muito mais provável que você não dispusesse de ferramentas suficientes para ensinar o aluno naquela hora. Quiçá não quisesse assumir que não conhecia outra abordagem para aquele assunto. De qualquer forma, ao agir como se esta crença fosse verdadeira, você estará sempre buscando novos caminhos para aprimorar seus conhecimentos e terá, como professor, um progresso contínuo.
- Cada aluno possui sua própria maneira de aprender. Em qualquer grupo de alunos, encontramos uma minoria que não acompanha o ritmo de aprendizagem do restante da classe. Não se trata de estudantes incapazes: são, apenas, pessoas que aprendem de forma diferente. Esses estudantes precisam de outras abordagens para aprender aquele mesmo assunto.
Ao estudarmos as técnicas de PNL, observamos que cada aluno tem sua própria estratégia de aprendizagem. A princípio, isso não é nenhuma novidade, pois estamos cansados de saber que “cada aluno é único e merece um cuidado diferenciado dos demais”. No entanto, são poucos os professores que entram na sala preparados para ensinar um mesmo assunto com pelo menos duas estratégias diferentes. Quanto maior o número de abordagens, maiores as chances de ser compreendido por todos os alunos da classe. Cabe ao professor experimentar que tipo de estratégia funciona melhor com sua turma.
- Acredite na capacidade dos alunos. Se o professor iniciar a aula julgando que seus alunos não conseguirão entender o que tem para dizer, é muito provável que realmente não o consigam. Sinais não-verbais de desmotivação e desinteresse serão transmitidos de forma inconsciente à classe e será formada uma barreira entre o professor e os alunos. Lembre-se de ter nas mãos estratégias diferenciadas, para atingir o maior número de alunos que puder.
Eis um excerto extraído de O’Connor e Seymour (1995, p.98), que ilustra bem este tópico. “Em uma pesquisa, uma turma de crianças de idêntico QI foi dividida em dois grupos. Os professores foram avisados de que um dos grupos tinha um QI mais alto, e que, portanto, devia se sair melhor do que o outro. Embora a única diferença entre os dois grupos fosse a expectativa dos professores (uma crença), o grupo supostamente dotado de QI mais alto obteve melhores resultados em testes posteriores”.
- Acredite em sua própria capacidade. Afinal, você estudou e se preparou para estar ali, diante dos alunos. Com certeza, você tem informações muito valiosas para transmitir. Portanto, fale sobre as coisas que você sabe da melhor forma possível e confie em seu potencial didático.
Pelos mesmos motivos expostos acima (sinais não-verbais), se você iniciar a aula sem a devida segurança, os alunos irão perceber que algo está errado. Se não estiver preparado para falar, é preferível deixar o assunto para outro dia.
- Todo comportamento possui uma intenção positiva. Essa crença está fundamentada na seguinte pressuposição da PNL: “As pessoas fazem a melhor escolha que podem no momento”. Podemos, assim, tentar compreender o porquê de alguns comportamentos aparentemente inusitados de nossos alunos, como o ato de arremessar uma bolinha de papel na cabeça do colega!
A maioria das intenções positivas está, na verdade, em nível inconsciente. Necessidade de auto-afirmação, carência de carinho, desejo de se aproximar de um colega ou até mesmo vontade de ser notado pelo professor pode levar os alunos a adotarem comportamentos inadequados e até mesmo agressivos.
Se o professor conseguir identificar a intenção positiva daquele comportamento indesejado (seja através de uma conversa, da observação e/ou da reflexão), poderá oferecer ao aluno uma forma mais adequada de conseguir o mesmo objetivo.
Observe como o casal Andreas utilizou este princípio na educação de seus filhos:
“Quando nossos filhos eram crianças, entrei na sala de estar um dia e vi Mark, de três anos, batendo em Loren, que estava então com um ano. Como Mark estava batendo forte, intervim rapidamente para evitar que Loren se machucasse. ‘Não, Mark!’, disse, de maneira clara e firme, enquanto separava os dois. ‘Não quero que bata em Loren’. Ajoelhei-me ao lado de Mark e, mudando completamente o tom de voz, perguntei com delicadeza: ‘Mark, o que estava fazendo?’. ‘Quero que Loren fique longe dos meus blocos de madeira’, ele respondeu”.
“Era compreensível. Com apenas um ano de idade, Loren era bastante agitada e achava muito engraçado derrubar os blocos de madeira. ‘Parece uma boa idéia’. Concordei inteiramente com a intenção positiva de Mark. ‘Vamos ver se podemos colocar sua torre em lugar seguro. Quer que o ajude a colocar a torre em cima da mesa, para que Loren não possa alcançá-la?’. ‘Quero’. Mark achou que era uma boa idéia. ‘Assim está bem melhor! Agora você pode construir sua torre e ela estará bem segura!’” (Andreas, Steve e Connirae, 1993, pp. 97 e 98).
Neste texto, estudamos o que são crenças e sua importância em nossas vidas. Além disso, compartilhei com você os princípios mais importantes para um ensino eficaz e consistente.
Convido-o, caro professor, a refletir sobre estas e outras crenças que você cultiva. Espero que, a partir de agora, estes ensinamentos sirvam como princípios orientadores para suas ações nas aulas. Logo abaixo, há um “link” onde você pode escrever seus comentários sobre o texto, que são sempre muito bem-vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre os valores na sala de aula. Até mais!
Referências Bibliográficas
- ANDREAS, Steve e Connirae. A Essência da Mente. São Paulo: Summus, 1993.
- BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
- CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
- DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998.
- GRINDER, John; BANDLER, Richard. Atravessando: passagens em psicoterapia. São Paulo: Summus, 1984.
- O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
- O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
- PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
- ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
- WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
- WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
As crenças na sala de aula
Crenças
Conta uma lenda que estavam duas crianças patinando em um lago congelado. Era uma tarde nublada e fria, e as crianças brincavam sem preocupação.
De repente, o gelo se quebrou e uma das crianças caiu na água. A outra, vendo que seu amiguinho se afogava debaixo do gelo, pegou uma pedra e começou a golpear com todas as suas forças, conseguindo quebrar o gelo e salvar seu colega.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao garoto:
- Como você conseguiu fazer isso? Será possível que você tenha quebrado o gelo com essa pedra e com suas mãos tão pequenas?
Nesse instante, apareceu um ancião, que disse:
- Eu sei como ele conseguiu!
- Como? – todos perguntaram.
O ancião respondeu:
- Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que ele não seria capaz...
(texto recebido por e-mail, de autoria desconhecida).
O que são crenças?
“As crenças são generalizações que fazemos a nosso respeito, acerca de outras pessoas e do mundo ao nosso redor. Elas são os princípios que orientam nossas ações. Geralmente, pensamos nas crenças como ‘tudo ou nada’ e achamos que as coisas nas quais acreditamos são sempre verdadeiras” (O’Connor e Seymour, 1996, p. 105).
Se perguntássemos a um esportista: “Por que você treina tanto?”, sua resposta poderia ser: “Quero ser o melhor atleta de minha categoria e trazer uma medalha de ouro para o Brasil, nas Olimpíadas”. Por trás de sua resposta, há várias crenças: “acredito em meu potencial para ir às Olimpíadas”; “a determinação fará de mim um atleta melhor”; “se estiver devidamente preparado, terei condições de trazer uma medalha de ouro para o Brasil”, entre outras.
Observem que as crenças do atleta o movem de forma poderosa para uma direção certa. Não são a garantia absoluta do sucesso, mas geram uma força essencial para quem o quer alcançar. Segundo Robbins (2001, p. 65), as crenças são ordens dirigidas para o cérebro. “Quando acreditamos com convicção que alguma coisa é verdade, é como se mandássemos um comando para nosso cérebro, de como representar o que está ocorrendo”.
As crenças relacionam-se fortemente com os estados emocionais. A partir do momento em que acreditamos em algo, toda a nossa fisiologia muda a respeito daquilo, junto com nossas representações internas e comportamentos. Passamos a agir como se aquela informação fosse mesmo verdade e conseguimos, muitas vezes, alcançar objetivos inimagináveis.
Será que o garotinho da história lida no início deste texto teria conseguido quebrar o gelo e salvar seu amigo, se em algum momento duvidasse de sua capacidade? Ou, então, qual seria o nível de motivação do atleta de nosso exemplo, se não acreditasse em seu próprio potencial?
Por darem força e direção às nossas ações, as crenças precisam ser escolhidas com muito cuidado e devem ser constantemente examinadas. “Crenças que limitam suas ações e pensamentos podem ser tão devastadoras como as crenças cheias de recursos podem ser fortalecedoras” (Robbins, 2001, p. 65).
Muitos de vocês já devem ter ouvido falar no efeito placebo. “Pessoas a quem se diz que uma droga terá um certo efeito muitas vezes experimentarão esse efeito, mesmo quando recebem uma pílula inócua, sem propriedades ativas”. (Robbins, 2001, p. 67). Este é mais um exemplo de como as crenças afetam nossa interpretação da realidade, colocando em xeque muitas de nossas convicções.
Cultivamos crenças sobre nós mesmos e sobre outras pessoas; sobre o que é ou não possível de acontecer em nossas vidas e sobre nossa própria capacidade. Originam-se a partir de nossa educação, do exemplo de pessoas importantes, de traumas passados e de experiências repetidas (O’Connor e Seymour, 1995, p. 98).
É simples identificar crenças em conversas do cotidiano. Geralmente, são expressas verbalmente através das seguintes frases:
“Se eu fizer isso... aquilo vai acontecer”;
“Eu posso...” ou “Eu não posso...”
“Eu devo...” ou “Eu não devo...”
“Eu tenho que...” ou “Eu não tenho que...” (O’Connor e Seymour, 1995, p. 98).
Quer você acredite que pode, quer acredite que não pode fazer algo...
VOCÊ ESTÁ CERTO!
Na sala de aula...
Uma das disciplinas mais temidas pelos alunos do Ensino Médio é a FÍSICA. A crença de que se trata de uma matéria de difícil assimilação passa de pais para filhos, criando um bloqueio na mente dos estudantes e uma “pré-indisposição” para sua aprendizagem. Na verdade, os conceitos da Física ocorrem o tempo todo ao nosso redor e estão bastante ligados à nossa realidade. Quando ensinados de forma vivenciada e lúdica, são facilmente aprendidos por qualquer pessoa.
A Física é um bom exemplo de como crenças limitantes podem prejudicar nossa capacidade de aprendizagem. Ao atuar na sala de aula, o professor deve ter consciência de que transmitirá aos alunos, por meio de palavras e atitudes, crenças limitantes ou fortalecedoras: estas deverão ser difundidas, enquanto aquelas não poderão ser perpetuadas.
Compartilhemos, a seguir, algumas crenças úteis para serem adotadas na sala de aula.
- Não existem alunos resistentes, mas sim professores inflexíveis. Os alunos são capazes de aprender qualquer assunto, desde que ensinados da maneira correta. Se alguma vez você já disse que “fulano não é capaz de aprender tal coisa”, talvez esta seja a hora de você rever seus conceitos. É muito mais provável que você não dispusesse de ferramentas suficientes para ensinar o aluno naquela hora. Quiçá não quisesse assumir que não conhecia outra abordagem para aquele assunto. De qualquer forma, ao agir como se esta crença fosse verdadeira, você estará sempre buscando novos caminhos para aprimorar seus conhecimentos e terá, como professor, um progresso contínuo.
- Cada aluno possui sua própria maneira de aprender. Em qualquer grupo de alunos, encontramos uma minoria que não acompanha o ritmo de aprendizagem do restante da classe. Não se trata de estudantes incapazes: são, apenas, pessoas que aprendem de forma diferente. Esses estudantes precisam de outras abordagens para aprender aquele mesmo assunto.
Ao estudarmos as técnicas de PNL, observamos que cada aluno tem sua própria estratégia de aprendizagem. A princípio, isso não é nenhuma novidade, pois estamos cansados de saber que “cada aluno é único e merece um cuidado diferenciado dos demais”. No entanto, são poucos os professores que entram na sala preparados para ensinar um mesmo assunto com pelo menos duas estratégias diferentes. Quanto maior o número de abordagens, maiores as chances de ser compreendido por todos os alunos da classe. Cabe ao professor experimentar que tipo de estratégia funciona melhor com sua turma.
- Acredite na capacidade dos alunos. Se o professor iniciar a aula julgando que seus alunos não conseguirão entender o que tem para dizer, é muito provável que realmente não o consigam. Sinais não-verbais de desmotivação e desinteresse serão transmitidos de forma inconsciente à classe e será formada uma barreira entre o professor e os alunos. Lembre-se de ter nas mãos estratégias diferenciadas, para atingir o maior número de alunos que puder.
Eis um excerto extraído de O’Connor e Seymour (1995, p.98), que ilustra bem este tópico. “Em uma pesquisa, uma turma de crianças de idêntico QI foi dividida em dois grupos. Os professores foram avisados de que um dos grupos tinha um QI mais alto, e que, portanto, devia se sair melhor do que o outro. Embora a única diferença entre os dois grupos fosse a expectativa dos professores (uma crença), o grupo supostamente dotado de QI mais alto obteve melhores resultados em testes posteriores”.
- Acredite em sua própria capacidade. Afinal, você estudou e se preparou para estar ali, diante dos alunos. Com certeza, você tem informações muito valiosas para transmitir. Portanto, fale sobre as coisas que você sabe da melhor forma possível e confie em seu potencial didático.
Pelos mesmos motivos expostos acima (sinais não-verbais), se você iniciar a aula sem a devida segurança, os alunos irão perceber que algo está errado. Se não estiver preparado para falar, é preferível deixar o assunto para outro dia.
- Todo comportamento possui uma intenção positiva. Essa crença está fundamentada na seguinte pressuposição da PNL: “As pessoas fazem a melhor escolha que podem no momento”. Podemos, assim, tentar compreender o porquê de alguns comportamentos aparentemente inusitados de nossos alunos, como o ato de arremessar uma bolinha de papel na cabeça do colega!
A maioria das intenções positivas está, na verdade, em nível inconsciente. Necessidade de auto-afirmação, carência de carinho, desejo de se aproximar de um colega ou até mesmo vontade de ser notado pelo professor pode levar os alunos a adotarem comportamentos inadequados e até mesmo agressivos.
Se o professor conseguir identificar a intenção positiva daquele comportamento indesejado (seja através de uma conversa, da observação e/ou da reflexão), poderá oferecer ao aluno uma forma mais adequada de conseguir o mesmo objetivo.
Observe como o casal Andreas utilizou este princípio na educação de seus filhos:
“Quando nossos filhos eram crianças, entrei na sala de estar um dia e vi Mark, de três anos, batendo em Loren, que estava então com um ano. Como Mark estava batendo forte, intervim rapidamente para evitar que Loren se machucasse. ‘Não, Mark!’, disse, de maneira clara e firme, enquanto separava os dois. ‘Não quero que bata em Loren’. Ajoelhei-me ao lado de Mark e, mudando completamente o tom de voz, perguntei com delicadeza: ‘Mark, o que estava fazendo?’. ‘Quero que Loren fique longe dos meus blocos de madeira’, ele respondeu”.
“Era compreensível. Com apenas um ano de idade, Loren era bastante agitada e achava muito engraçado derrubar os blocos de madeira. ‘Parece uma boa idéia’. Concordei inteiramente com a intenção positiva de Mark. ‘Vamos ver se podemos colocar sua torre em lugar seguro. Quer que o ajude a colocar a torre em cima da mesa, para que Loren não possa alcançá-la?’. ‘Quero’. Mark achou que era uma boa idéia. ‘Assim está bem melhor! Agora você pode construir sua torre e ela estará bem segura!’” (Andreas, Steve e Connirae, 1993, pp. 97 e 98).
Neste texto, estudamos o que são crenças e sua importância em nossas vidas. Além disso, compartilhei com você os princípios mais importantes para um ensino eficaz e consistente.
Convido-o, caro professor, a refletir sobre estas e outras crenças que você cultiva. Espero que, a partir de agora, estes ensinamentos sirvam como princípios orientadores para suas ações nas aulas. Logo abaixo, há um “link” onde você pode escrever seus comentários sobre o texto, que são sempre muito bem-vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre os valores na sala de aula. Até mais!
Referências Bibliográficas
- ANDREAS, Steve e Connirae. A Essência da Mente. São Paulo: Summus, 1993.
- BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
- CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
- DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998.
- GRINDER, John; BANDLER, Richard. Atravessando: passagens em psicoterapia. São Paulo: Summus, 1984.
- O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
- O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
- PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
- ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
- WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
- WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
Conta uma lenda que estavam duas crianças patinando em um lago congelado. Era uma tarde nublada e fria, e as crianças brincavam sem preocupação.
De repente, o gelo se quebrou e uma das crianças caiu na água. A outra, vendo que seu amiguinho se afogava debaixo do gelo, pegou uma pedra e começou a golpear com todas as suas forças, conseguindo quebrar o gelo e salvar seu colega.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao garoto:
- Como você conseguiu fazer isso? Será possível que você tenha quebrado o gelo com essa pedra e com suas mãos tão pequenas?
Nesse instante, apareceu um ancião, que disse:
- Eu sei como ele conseguiu!
- Como? – todos perguntaram.
O ancião respondeu:
- Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que ele não seria capaz...
(texto recebido por e-mail, de autoria desconhecida).
O que são crenças?
“As crenças são generalizações que fazemos a nosso respeito, acerca de outras pessoas e do mundo ao nosso redor. Elas são os princípios que orientam nossas ações. Geralmente, pensamos nas crenças como ‘tudo ou nada’ e achamos que as coisas nas quais acreditamos são sempre verdadeiras” (O’Connor e Seymour, 1996, p. 105).
Se perguntássemos a um esportista: “Por que você treina tanto?”, sua resposta poderia ser: “Quero ser o melhor atleta de minha categoria e trazer uma medalha de ouro para o Brasil, nas Olimpíadas”. Por trás de sua resposta, há várias crenças: “acredito em meu potencial para ir às Olimpíadas”; “a determinação fará de mim um atleta melhor”; “se estiver devidamente preparado, terei condições de trazer uma medalha de ouro para o Brasil”, entre outras.
Observem que as crenças do atleta o movem de forma poderosa para uma direção certa. Não são a garantia absoluta do sucesso, mas geram uma força essencial para quem o quer alcançar. Segundo Robbins (2001, p. 65), as crenças são ordens dirigidas para o cérebro. “Quando acreditamos com convicção que alguma coisa é verdade, é como se mandássemos um comando para nosso cérebro, de como representar o que está ocorrendo”.
As crenças relacionam-se fortemente com os estados emocionais. A partir do momento em que acreditamos em algo, toda a nossa fisiologia muda a respeito daquilo, junto com nossas representações internas e comportamentos. Passamos a agir como se aquela informação fosse mesmo verdade e conseguimos, muitas vezes, alcançar objetivos inimagináveis.
Será que o garotinho da história lida no início deste texto teria conseguido quebrar o gelo e salvar seu amigo, se em algum momento duvidasse de sua capacidade? Ou, então, qual seria o nível de motivação do atleta de nosso exemplo, se não acreditasse em seu próprio potencial?
Por darem força e direção às nossas ações, as crenças precisam ser escolhidas com muito cuidado e devem ser constantemente examinadas. “Crenças que limitam suas ações e pensamentos podem ser tão devastadoras como as crenças cheias de recursos podem ser fortalecedoras” (Robbins, 2001, p. 65).
Muitos de vocês já devem ter ouvido falar no efeito placebo. “Pessoas a quem se diz que uma droga terá um certo efeito muitas vezes experimentarão esse efeito, mesmo quando recebem uma pílula inócua, sem propriedades ativas”. (Robbins, 2001, p. 67). Este é mais um exemplo de como as crenças afetam nossa interpretação da realidade, colocando em xeque muitas de nossas convicções.
Cultivamos crenças sobre nós mesmos e sobre outras pessoas; sobre o que é ou não possível de acontecer em nossas vidas e sobre nossa própria capacidade. Originam-se a partir de nossa educação, do exemplo de pessoas importantes, de traumas passados e de experiências repetidas (O’Connor e Seymour, 1995, p. 98).
É simples identificar crenças em conversas do cotidiano. Geralmente, são expressas verbalmente através das seguintes frases:
“Se eu fizer isso... aquilo vai acontecer”;
“Eu posso...” ou “Eu não posso...”
“Eu devo...” ou “Eu não devo...”
“Eu tenho que...” ou “Eu não tenho que...” (O’Connor e Seymour, 1995, p. 98).
Quer você acredite que pode, quer acredite que não pode fazer algo...
VOCÊ ESTÁ CERTO!
Na sala de aula...
Uma das disciplinas mais temidas pelos alunos do Ensino Médio é a FÍSICA. A crença de que se trata de uma matéria de difícil assimilação passa de pais para filhos, criando um bloqueio na mente dos estudantes e uma “pré-indisposição” para sua aprendizagem. Na verdade, os conceitos da Física ocorrem o tempo todo ao nosso redor e estão bastante ligados à nossa realidade. Quando ensinados de forma vivenciada e lúdica, são facilmente aprendidos por qualquer pessoa.
A Física é um bom exemplo de como crenças limitantes podem prejudicar nossa capacidade de aprendizagem. Ao atuar na sala de aula, o professor deve ter consciência de que transmitirá aos alunos, por meio de palavras e atitudes, crenças limitantes ou fortalecedoras: estas deverão ser difundidas, enquanto aquelas não poderão ser perpetuadas.
Compartilhemos, a seguir, algumas crenças úteis para serem adotadas na sala de aula.
- Não existem alunos resistentes, mas sim professores inflexíveis. Os alunos são capazes de aprender qualquer assunto, desde que ensinados da maneira correta. Se alguma vez você já disse que “fulano não é capaz de aprender tal coisa”, talvez esta seja a hora de você rever seus conceitos. É muito mais provável que você não dispusesse de ferramentas suficientes para ensinar o aluno naquela hora. Quiçá não quisesse assumir que não conhecia outra abordagem para aquele assunto. De qualquer forma, ao agir como se esta crença fosse verdadeira, você estará sempre buscando novos caminhos para aprimorar seus conhecimentos e terá, como professor, um progresso contínuo.
- Cada aluno possui sua própria maneira de aprender. Em qualquer grupo de alunos, encontramos uma minoria que não acompanha o ritmo de aprendizagem do restante da classe. Não se trata de estudantes incapazes: são, apenas, pessoas que aprendem de forma diferente. Esses estudantes precisam de outras abordagens para aprender aquele mesmo assunto.
Ao estudarmos as técnicas de PNL, observamos que cada aluno tem sua própria estratégia de aprendizagem. A princípio, isso não é nenhuma novidade, pois estamos cansados de saber que “cada aluno é único e merece um cuidado diferenciado dos demais”. No entanto, são poucos os professores que entram na sala preparados para ensinar um mesmo assunto com pelo menos duas estratégias diferentes. Quanto maior o número de abordagens, maiores as chances de ser compreendido por todos os alunos da classe. Cabe ao professor experimentar que tipo de estratégia funciona melhor com sua turma.
- Acredite na capacidade dos alunos. Se o professor iniciar a aula julgando que seus alunos não conseguirão entender o que tem para dizer, é muito provável que realmente não o consigam. Sinais não-verbais de desmotivação e desinteresse serão transmitidos de forma inconsciente à classe e será formada uma barreira entre o professor e os alunos. Lembre-se de ter nas mãos estratégias diferenciadas, para atingir o maior número de alunos que puder.
Eis um excerto extraído de O’Connor e Seymour (1995, p.98), que ilustra bem este tópico. “Em uma pesquisa, uma turma de crianças de idêntico QI foi dividida em dois grupos. Os professores foram avisados de que um dos grupos tinha um QI mais alto, e que, portanto, devia se sair melhor do que o outro. Embora a única diferença entre os dois grupos fosse a expectativa dos professores (uma crença), o grupo supostamente dotado de QI mais alto obteve melhores resultados em testes posteriores”.
- Acredite em sua própria capacidade. Afinal, você estudou e se preparou para estar ali, diante dos alunos. Com certeza, você tem informações muito valiosas para transmitir. Portanto, fale sobre as coisas que você sabe da melhor forma possível e confie em seu potencial didático.
Pelos mesmos motivos expostos acima (sinais não-verbais), se você iniciar a aula sem a devida segurança, os alunos irão perceber que algo está errado. Se não estiver preparado para falar, é preferível deixar o assunto para outro dia.
- Todo comportamento possui uma intenção positiva. Essa crença está fundamentada na seguinte pressuposição da PNL: “As pessoas fazem a melhor escolha que podem no momento”. Podemos, assim, tentar compreender o porquê de alguns comportamentos aparentemente inusitados de nossos alunos, como o ato de arremessar uma bolinha de papel na cabeça do colega!
A maioria das intenções positivas está, na verdade, em nível inconsciente. Necessidade de auto-afirmação, carência de carinho, desejo de se aproximar de um colega ou até mesmo vontade de ser notado pelo professor pode levar os alunos a adotarem comportamentos inadequados e até mesmo agressivos.
Se o professor conseguir identificar a intenção positiva daquele comportamento indesejado (seja através de uma conversa, da observação e/ou da reflexão), poderá oferecer ao aluno uma forma mais adequada de conseguir o mesmo objetivo.
Observe como o casal Andreas utilizou este princípio na educação de seus filhos:
“Quando nossos filhos eram crianças, entrei na sala de estar um dia e vi Mark, de três anos, batendo em Loren, que estava então com um ano. Como Mark estava batendo forte, intervim rapidamente para evitar que Loren se machucasse. ‘Não, Mark!’, disse, de maneira clara e firme, enquanto separava os dois. ‘Não quero que bata em Loren’. Ajoelhei-me ao lado de Mark e, mudando completamente o tom de voz, perguntei com delicadeza: ‘Mark, o que estava fazendo?’. ‘Quero que Loren fique longe dos meus blocos de madeira’, ele respondeu”.
“Era compreensível. Com apenas um ano de idade, Loren era bastante agitada e achava muito engraçado derrubar os blocos de madeira. ‘Parece uma boa idéia’. Concordei inteiramente com a intenção positiva de Mark. ‘Vamos ver se podemos colocar sua torre em lugar seguro. Quer que o ajude a colocar a torre em cima da mesa, para que Loren não possa alcançá-la?’. ‘Quero’. Mark achou que era uma boa idéia. ‘Assim está bem melhor! Agora você pode construir sua torre e ela estará bem segura!’” (Andreas, Steve e Connirae, 1993, pp. 97 e 98).
Neste texto, estudamos o que são crenças e sua importância em nossas vidas. Além disso, compartilhei com você os princípios mais importantes para um ensino eficaz e consistente.
Convido-o, caro professor, a refletir sobre estas e outras crenças que você cultiva. Espero que, a partir de agora, estes ensinamentos sirvam como princípios orientadores para suas ações nas aulas. Logo abaixo, há um “link” onde você pode escrever seus comentários sobre o texto, que são sempre muito bem-vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre os valores na sala de aula. Até mais!
Referências Bibliográficas
- ANDREAS, Steve e Connirae. A Essência da Mente. São Paulo: Summus, 1993.
- BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
- CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
- DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998.
- GRINDER, John; BANDLER, Richard. Atravessando: passagens em psicoterapia. São Paulo: Summus, 1984.
- O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
- O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
- PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
- ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
- WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
- WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
A empatia no nível pessoal
Antes de qualquer coisa, você precisa saber que “empatia”, “harmonia”, “contato” ou “rapport” são palavras sinônimas dentro do estudo de PNL. Todas se referem a um nível de relacionamento interpessoal onde você se sente identificado com a(s) pessoa(s) com quem se comunica.
Eis um bom exemplo para ilustrar o que é empatia. Pense em conversas por telefone. Já deve ter acontecido com você a seguinte situação: você está tendo uma agradável conversa com um(a) amigo(a), quando de repente, por um motivo qualquer, ele(a) diminui repentinamente a intensidade da voz e passa a falar “mais baixinho”. Você estranha essa mudança súbita e pergunta: “Por que você está falando assim”? Detalhe: sem perceber, você também passou a falar “mais baixinho”!
Isso aconteceu porque você estava ligado à outra pessoa por um “laço empático”; em outras palavras, você estava “em contato” com ela. Diariamente, estabelecemos (ou não) empatia com as pessoas à nossa volta sem nos darmos conta disso. Quando há este laço unindo duas pessoas, os diálogos fluem com naturalidade, ambas se sentem muito à vontade na presença do outro e, também, tendem a adotar posturas corporais semelhantes!
Robbins (2001, p.220) fala um pouco mais sobre a empatia: “Quer conhecer o pior clichê já forjado? ‘Os opostos se atraem.’ Como todas as coisas que são falsas, há nisso um elemento de verdade. Quando as pessoas têm bastante em comum, os elementos de diferença acrescentam uma certa excitação nas coisas. Mas, acima de tudo, quem é atraente para você? Com quem você quer passar o tempo? Você está procurando alguém que discorde de você em tudo, que tenha interesses diferentes, que goste de dormir quando você quer brincar, e de brincar quando você quer dormir? Claro que não. Você quer estar com pessoas que sejam como você e, no entanto, únicas”.
A técnica do espelhamento
Você já deve estar percebendo que a empatia é conquistada quando há elementos comuns entre duas pessoas. Podemos, assim, facilitar o processo de empatia utilizando a técnica do espelhamento. Consiste em imitarmos de forma gentil e respeitosa os comportamentos da pessoa com quem desejamos criar o “laço empático”.
“O ‘contato’ pode ser construído à base de comportamentos que combinam. Discordar de pessoas não irá formar um contato (rapport). Falar mais depressa do que as pessoas possam ouvir não irá formar contato. Falar a respeito de sentimentos ou sensações quando as pessoas estão fazendo imagens visuais não formará contato. Mas se você calibrar o andamento de sua voz pela taxa da respiração da pessoa, se você piscar na mesma velocidade que os outros piscam, se balançar a cabeça afirmativamente com a mesma velocidade em que eles balançam, se você balançar no mesmo ritmo em que estão balançando, e se você disser as coisas que na realidade devam mesmo ser pertinentes, ou as coisas que você sentir que têm a ver com a situação, estará formando o contato”. (Grinder e Bandler, 1984, p. 27).
Caro leitor, convido você a fazer uma experiência ao longo dos próximos dias. Ao se perceber conversando com qualquer pessoa, procure falar com a mesma velocidade em que ela fala; gesticule (de maneira respeitosa!) da mesma forma que ela; se estiver sentada, sente-se também; se estiver com as pernas cruzadas, cruze-as também. Se a pessoa costuma lhe tocar enquanto conversa, toque-a, e se utiliza freqüentemente alguma expressão verbal característica, utilize também. Fazendo isso, você já estará praticando a técnica do espelhamento. Quanto aos resultados, deixarei você por conta de sua própria curiosidade e de suas próprias conclusões!
Falando para todas as linguagens
Há ainda uma outra informação importante a ser acrescentada e que contribuirá para se estabelecer uma empatia mais eficaz.
Vivenciamos as experiências de nossas vidas através dos cinco órgãos sensoriais: visão, audição, tato, paladar e olfato. Estes são os cinco canais com os quais entramos em contato com o mundo, seja no “aqui-e-agora”, seja em nossas lembranças. Além disso, podemos deduzir que qualquer experiência tornar-se-á mais rica à medida que a vivenciarmos utilizando conscientemente o maior número possível de órgãos sensoriais.
Podemos exemplificar o parágrafo anterior remetendo-nos à sala de aula. Se o aluno prestar atenção apenas ao que o professor fala (audição), não terá uma experiência completa do assunto abordado. No entanto, se também estiver se sentindo motivado (cinestesia interna), prestar atenção aos esquemas visuais do quadro-negro (visão) e participar de dinâmicas em grupo que o faça praticar as instruções aprendidas (cinestesia externa), provavelmente sua aprendizagem será mais eficaz e será retida durante mais tempo em sua memória. É claro que caberá ao professor proporcionar aos alunos todas essas formas de vivência.
Em PNL, dá-se o nome de “sistemas representacionais” aos nossos canais sensoriais. Uma coisa interessante a ser notada é que, em geral, optamos por utilizar somente um destes canais, pois é difícil estarmos conscientes dos cinco ao mesmo tempo.
Assim, há pessoas que se comunicam utilizando principalmente metáforas visuais. Ao descreverem, por exemplo, um acidente de trânsito, essas pessoas poderiam dizer: “Eu vi! Eu vi tudo com meus próprios olhos! Eu vi quando o carro preto atravessou o farol vermelho a toda velocidade! Ficou claro que a culpa foi dele!”.
Outros preferem as metáforas auditivas para se expressarem. É provável que descrevessem o mesmo acidente da seguinte maneira: “Só lembro de ter escutado uma buzina e, logo depois, uma forte freada! Aí não teve jeito: CRASH! O estrondo foi igualzinho ao de uma explosão!”.
Um outro grupo de pessoas utilizaria metáforas cinestésicas (referentes ao tato e às sensações interiores) para falarem sobre o acidente: “Foi horrível... senti uma agonia, um aperto aqui no peito quando pressenti que o pior iria acontecer... e não deu outra...”.
Não é tão comum, mas há quem goste de usar metáforas olfativas ou gustativas para se expressarem. É o caso de expressões como “Há um cheiro de confusão no ar”, “Esse acidente é um prato cheio para jornalistas”, ou ainda “O motorista provou do amargo sabor da irresponsabilidade”.
Algo que irá incrementar a sensação de empatia é identificar qual sistema representacional a pessoa com quem você conversa está utilizando naquele momento. Se você espelhá-la também neste nível e construir suas frases utilizando o mesmo sistema representacional identificado, é muito provável que a sensação de harmonia seja ainda maior! Experimente!
Aplicações na sala de aula
Agora que já sabemos o que é empatia e como a conquistamos, você pode começar a imaginar como aplicaria estes conhecimentos na sala de aula, a fim de capturar o interesse e a atenção do maior número possível de alunos.
Ao lidar com um grupo grande de pessoas, o espelhamento deve acontecer de forma mais “generalizada”, pois não temos como espelhar as pistas verbais e não-verbais de todos os alunos. O que você pode fazer é, por exemplo, perceber que todos estão sentados e, então, iniciar a sua aula estando sentado também.
Se não há uma cadeira para você, é possível solicitar para os alunos ficarem em pé logo no começo da aula, a fim de realizar alguns alongamentos em grupo. Além de “despertá-los”, isso os deixará em um estado de “alerta relaxado”, muito bom para a aprendizagem. Agindo assim, você estará demonstrando seu interesse pelo bem-estar da turma e favorecerá o estabelecimento de um “laço empático” forte e eficaz.
Logo após o alongamento, pode-se fazer alguma dinâmica de grupo que promova a interação social entre aluno-aluno e aluno-professor. Isso costuma ser bastante divertido, não ocupa muito tempo e cria bastante empatia entre todos.
Em qualquer momento da aula, contar algum caso ou história pode ser uma alternativa interessante de recuperar a atenção dos ouvintes e restabelecer a empatia. Piadas (se você souber), dependendo da ocasião, também podem funcionar bem. Outra forma muito eficaz de prender a atenção é ilustrar o que está sendo ensinado com exemplos da própria realidade dos alunos.
Quando, em minha aula, algum aluno levanta a mão e diz que ainda não compreendeu o que estou explicando, procuro me dirigir até próximo dele, sento-me ao seu lado e faço algum comentário informal e descontraído, talvez sobre seu time de futebol, ou sobre sua roupa, etc. Em seguida, peço para que me diga o que acha ter entendido. A partir do que ele me disser, corrijo, acrescento ou confirmo as informações.
Note que, em primeiro lugar, busco espelhar sua posição corporal, para que se inicie a empatia entre nós. A função do comentário informal é fazer com que ele se identifique comigo e quebre qualquer resistência que possa estar tendo com relação à minha pessoa. Enquanto me explica o que entendeu, posso deduzir qual sistema representacional utilizarei para lhe explicar novamente o conteúdo, se necessário.
Por fim, o professor deve se expressar utilizando em igual proporção todos os sistemas representacionais abordados no texto. Deve explicar a matéria, utilizar o quadro-negro ou outros recursos visuais, promover dinâmicas de grupo ou promover excursões, etc. Desta forma, criará experiências ricas em recursos sensoriais e a retenção será, sem dúvida, mais duradoura.
Lembre-se de que há, por aí, vários professores que ministram aulas totalmente expositivas (só “faladas”, sem promover dinâmicas de grupo ou sequer utilizar a lousa). Não deveriam ficar espantados ao perceberem que, depois de um certo tempo, a classe está fatigada, com alguns alunos até “roncando” lá no “fundão” da sala... E a culpa não é dos alunos! É do professor, que deveria promover uma aula mais interessante e interativa.
Quero deixar registrado, aqui, que os professores que sabem cativar a classe através de seu carisma pessoal são os mais amigos da turma e detêm uma autoridade natural sobre os alunos. É possível ter autoridade sem ser autoritário e é dessa forma que pensam os verdadeiros líderes em sala de aula. É sobre este tipo de líder que estou falando; e estas técnicas servem para se conquistar o respeito da turma ou da platéia de uma forma natural e não impositiva.
Este texto falou sobre como o professor pode cativar a classe e estabelecer empatia com seus alunos, utilizando basicamente a técnica do espelhamento de sinais verbais e não-verbais. Logo abaixo, há um “link” onde você pode escrever seus comentários, que são sempre muito bem-vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre crenças e valores na sala de aula. Até a próxima oportunidade!
Referências Bibliográficas
BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998.
Enfrentando a Audiência. São Paulo: Summus, 1997.
GRINDER, John; BANDLER, Richard. Atravessando: passagens em psicoterapia. São Paulo: Summus, 1984.
O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
Introdução à Programação Neurolingüística. São Paulo: Summus, 1995.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
Eis um bom exemplo para ilustrar o que é empatia. Pense em conversas por telefone. Já deve ter acontecido com você a seguinte situação: você está tendo uma agradável conversa com um(a) amigo(a), quando de repente, por um motivo qualquer, ele(a) diminui repentinamente a intensidade da voz e passa a falar “mais baixinho”. Você estranha essa mudança súbita e pergunta: “Por que você está falando assim”? Detalhe: sem perceber, você também passou a falar “mais baixinho”!
Isso aconteceu porque você estava ligado à outra pessoa por um “laço empático”; em outras palavras, você estava “em contato” com ela. Diariamente, estabelecemos (ou não) empatia com as pessoas à nossa volta sem nos darmos conta disso. Quando há este laço unindo duas pessoas, os diálogos fluem com naturalidade, ambas se sentem muito à vontade na presença do outro e, também, tendem a adotar posturas corporais semelhantes!
Robbins (2001, p.220) fala um pouco mais sobre a empatia: “Quer conhecer o pior clichê já forjado? ‘Os opostos se atraem.’ Como todas as coisas que são falsas, há nisso um elemento de verdade. Quando as pessoas têm bastante em comum, os elementos de diferença acrescentam uma certa excitação nas coisas. Mas, acima de tudo, quem é atraente para você? Com quem você quer passar o tempo? Você está procurando alguém que discorde de você em tudo, que tenha interesses diferentes, que goste de dormir quando você quer brincar, e de brincar quando você quer dormir? Claro que não. Você quer estar com pessoas que sejam como você e, no entanto, únicas”.
A técnica do espelhamento
Você já deve estar percebendo que a empatia é conquistada quando há elementos comuns entre duas pessoas. Podemos, assim, facilitar o processo de empatia utilizando a técnica do espelhamento. Consiste em imitarmos de forma gentil e respeitosa os comportamentos da pessoa com quem desejamos criar o “laço empático”.
“O ‘contato’ pode ser construído à base de comportamentos que combinam. Discordar de pessoas não irá formar um contato (rapport). Falar mais depressa do que as pessoas possam ouvir não irá formar contato. Falar a respeito de sentimentos ou sensações quando as pessoas estão fazendo imagens visuais não formará contato. Mas se você calibrar o andamento de sua voz pela taxa da respiração da pessoa, se você piscar na mesma velocidade que os outros piscam, se balançar a cabeça afirmativamente com a mesma velocidade em que eles balançam, se você balançar no mesmo ritmo em que estão balançando, e se você disser as coisas que na realidade devam mesmo ser pertinentes, ou as coisas que você sentir que têm a ver com a situação, estará formando o contato”. (Grinder e Bandler, 1984, p. 27).
Caro leitor, convido você a fazer uma experiência ao longo dos próximos dias. Ao se perceber conversando com qualquer pessoa, procure falar com a mesma velocidade em que ela fala; gesticule (de maneira respeitosa!) da mesma forma que ela; se estiver sentada, sente-se também; se estiver com as pernas cruzadas, cruze-as também. Se a pessoa costuma lhe tocar enquanto conversa, toque-a, e se utiliza freqüentemente alguma expressão verbal característica, utilize também. Fazendo isso, você já estará praticando a técnica do espelhamento. Quanto aos resultados, deixarei você por conta de sua própria curiosidade e de suas próprias conclusões!
Falando para todas as linguagens
Há ainda uma outra informação importante a ser acrescentada e que contribuirá para se estabelecer uma empatia mais eficaz.
Vivenciamos as experiências de nossas vidas através dos cinco órgãos sensoriais: visão, audição, tato, paladar e olfato. Estes são os cinco canais com os quais entramos em contato com o mundo, seja no “aqui-e-agora”, seja em nossas lembranças. Além disso, podemos deduzir que qualquer experiência tornar-se-á mais rica à medida que a vivenciarmos utilizando conscientemente o maior número possível de órgãos sensoriais.
Podemos exemplificar o parágrafo anterior remetendo-nos à sala de aula. Se o aluno prestar atenção apenas ao que o professor fala (audição), não terá uma experiência completa do assunto abordado. No entanto, se também estiver se sentindo motivado (cinestesia interna), prestar atenção aos esquemas visuais do quadro-negro (visão) e participar de dinâmicas em grupo que o faça praticar as instruções aprendidas (cinestesia externa), provavelmente sua aprendizagem será mais eficaz e será retida durante mais tempo em sua memória. É claro que caberá ao professor proporcionar aos alunos todas essas formas de vivência.
Em PNL, dá-se o nome de “sistemas representacionais” aos nossos canais sensoriais. Uma coisa interessante a ser notada é que, em geral, optamos por utilizar somente um destes canais, pois é difícil estarmos conscientes dos cinco ao mesmo tempo.
Assim, há pessoas que se comunicam utilizando principalmente metáforas visuais. Ao descreverem, por exemplo, um acidente de trânsito, essas pessoas poderiam dizer: “Eu vi! Eu vi tudo com meus próprios olhos! Eu vi quando o carro preto atravessou o farol vermelho a toda velocidade! Ficou claro que a culpa foi dele!”.
Outros preferem as metáforas auditivas para se expressarem. É provável que descrevessem o mesmo acidente da seguinte maneira: “Só lembro de ter escutado uma buzina e, logo depois, uma forte freada! Aí não teve jeito: CRASH! O estrondo foi igualzinho ao de uma explosão!”.
Um outro grupo de pessoas utilizaria metáforas cinestésicas (referentes ao tato e às sensações interiores) para falarem sobre o acidente: “Foi horrível... senti uma agonia, um aperto aqui no peito quando pressenti que o pior iria acontecer... e não deu outra...”.
Não é tão comum, mas há quem goste de usar metáforas olfativas ou gustativas para se expressarem. É o caso de expressões como “Há um cheiro de confusão no ar”, “Esse acidente é um prato cheio para jornalistas”, ou ainda “O motorista provou do amargo sabor da irresponsabilidade”.
Algo que irá incrementar a sensação de empatia é identificar qual sistema representacional a pessoa com quem você conversa está utilizando naquele momento. Se você espelhá-la também neste nível e construir suas frases utilizando o mesmo sistema representacional identificado, é muito provável que a sensação de harmonia seja ainda maior! Experimente!
Aplicações na sala de aula
Agora que já sabemos o que é empatia e como a conquistamos, você pode começar a imaginar como aplicaria estes conhecimentos na sala de aula, a fim de capturar o interesse e a atenção do maior número possível de alunos.
Ao lidar com um grupo grande de pessoas, o espelhamento deve acontecer de forma mais “generalizada”, pois não temos como espelhar as pistas verbais e não-verbais de todos os alunos. O que você pode fazer é, por exemplo, perceber que todos estão sentados e, então, iniciar a sua aula estando sentado também.
Se não há uma cadeira para você, é possível solicitar para os alunos ficarem em pé logo no começo da aula, a fim de realizar alguns alongamentos em grupo. Além de “despertá-los”, isso os deixará em um estado de “alerta relaxado”, muito bom para a aprendizagem. Agindo assim, você estará demonstrando seu interesse pelo bem-estar da turma e favorecerá o estabelecimento de um “laço empático” forte e eficaz.
Logo após o alongamento, pode-se fazer alguma dinâmica de grupo que promova a interação social entre aluno-aluno e aluno-professor. Isso costuma ser bastante divertido, não ocupa muito tempo e cria bastante empatia entre todos.
Em qualquer momento da aula, contar algum caso ou história pode ser uma alternativa interessante de recuperar a atenção dos ouvintes e restabelecer a empatia. Piadas (se você souber), dependendo da ocasião, também podem funcionar bem. Outra forma muito eficaz de prender a atenção é ilustrar o que está sendo ensinado com exemplos da própria realidade dos alunos.
Quando, em minha aula, algum aluno levanta a mão e diz que ainda não compreendeu o que estou explicando, procuro me dirigir até próximo dele, sento-me ao seu lado e faço algum comentário informal e descontraído, talvez sobre seu time de futebol, ou sobre sua roupa, etc. Em seguida, peço para que me diga o que acha ter entendido. A partir do que ele me disser, corrijo, acrescento ou confirmo as informações.
Note que, em primeiro lugar, busco espelhar sua posição corporal, para que se inicie a empatia entre nós. A função do comentário informal é fazer com que ele se identifique comigo e quebre qualquer resistência que possa estar tendo com relação à minha pessoa. Enquanto me explica o que entendeu, posso deduzir qual sistema representacional utilizarei para lhe explicar novamente o conteúdo, se necessário.
Por fim, o professor deve se expressar utilizando em igual proporção todos os sistemas representacionais abordados no texto. Deve explicar a matéria, utilizar o quadro-negro ou outros recursos visuais, promover dinâmicas de grupo ou promover excursões, etc. Desta forma, criará experiências ricas em recursos sensoriais e a retenção será, sem dúvida, mais duradoura.
Lembre-se de que há, por aí, vários professores que ministram aulas totalmente expositivas (só “faladas”, sem promover dinâmicas de grupo ou sequer utilizar a lousa). Não deveriam ficar espantados ao perceberem que, depois de um certo tempo, a classe está fatigada, com alguns alunos até “roncando” lá no “fundão” da sala... E a culpa não é dos alunos! É do professor, que deveria promover uma aula mais interessante e interativa.
Quero deixar registrado, aqui, que os professores que sabem cativar a classe através de seu carisma pessoal são os mais amigos da turma e detêm uma autoridade natural sobre os alunos. É possível ter autoridade sem ser autoritário e é dessa forma que pensam os verdadeiros líderes em sala de aula. É sobre este tipo de líder que estou falando; e estas técnicas servem para se conquistar o respeito da turma ou da platéia de uma forma natural e não impositiva.
Este texto falou sobre como o professor pode cativar a classe e estabelecer empatia com seus alunos, utilizando basicamente a técnica do espelhamento de sinais verbais e não-verbais. Logo abaixo, há um “link” onde você pode escrever seus comentários, que são sempre muito bem-vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre crenças e valores na sala de aula. Até a próxima oportunidade!
Referências Bibliográficas
BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998.
Enfrentando a Audiência. São Paulo: Summus, 1997.
GRINDER, John; BANDLER, Richard. Atravessando: passagens em psicoterapia. São Paulo: Summus, 1984.
O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
Introdução à Programação Neurolingüística. São Paulo: Summus, 1995.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
Depois das aulas
Durante uma aula, o professor passa a maior parte do tempo em pé, enquanto fala, escreve, gesticula, raciocina, formula exemplos, cria comparações, soluciona dúvidas, caminha pela classe, enfim, enquanto realiza uma série de atividades que consomem uma quantidade razoável de energia. É de se esperar, assim, que ao final de um dia de trabalho, ele esteja fatigado tanto fisicamente quanto mentalmente.
Dependendo dos fatos que aconteceram durante as aulas, o professor pode, também, ficar emocionalmente desgastado. Às vezes, um único fato negativo pode acabar com sua motivação e fazer com que se sinta decepcionado pelo resto do dia. Em geral, quando isso acontece, ficamos obcecados com o mesmo pensamento negativo e “fechamos” nossa percepção para as outras coisas que acontecem ao nosso redor.
Nessas condições, é difícil avaliar nosso próprio desempenho de forma precisa e conscienciosa. Precisamos ter em mente que qualquer tipo de avaliação deve ser realizada com distanciamento emocional dos fatos, para que não os julguemos a partir de uma percepção distorcida da realidade.
Antes de iniciar a análise da aula dada, o professor deve, assim, se desvencilhar dos estados emocionais muito intensos, praticando um pouco de relaxamento (veremos logo a seguir).
Você pode estar perguntando se também deve praticar o relaxamento no caso de estar sentindo um forte estado emocional positivo (como euforia, por exemplo). Mesmo neste caso recomendo o relaxamento antes da análise, pois as emoções positivas também alteram nossa percepção da realidade. E o que queremos é um estado de neutralidade, para não realizarmos julgamentos unilaterais e, portanto, falhos.
1) Relaxe
O objetivo de praticar o relaxamento é, portanto, atenuar a intensidade de qualquer estado emocional exacerbado que você estiver sentindo. Acomode-se em um lugar bem confortável e focalize a atenção em sua respiração, inspirando e expirando de forma lenta e profunda.
A seguir, localize as tensões do corpo e solte os músculos que estiverem contraídos sem necessidade. Você também pode alongar os principais músculos do corpo, como por exemplo o pescoço, os ombros, os braços, as pernas e as costas.
Interrompa os diálogos internos improdutivos. Com isso, quero dizer que você deve evitar aquela “conversa” que estabelece com você mesmo, se culpando, por exemplo, por algum tópico que não conseguiu cumprir ou por algum assunto que não desenvolveu como gostaria.
Por fim, crie imagens mentais positivas. Neste momento, não é útil ficar lembrando da “cara de ponto de interrogação” que seus alunos faziam enquanto você tentava explicar a matéria, mas só se enrolava cada vez mais... Ao contrário disso, evite os pensamentos referentes à sala de aula e visualize internamente paisagens calmas, das quais você gosta e que fazem você se sentir em um melhor estado de relaxamento.
Ao terminar a sessão de relaxamento, você terá desacelerado o ritmo do seu corpo e de sua mente. Agora você está em condições de lidar com os fatos de forma mais racional e objetiva.
2) Analise os pontos positivos
Em primeiro lugar, você deve escolher um local adequado, para o qual possa voltar sempre que quiser analisar os pontos positivos que aconteceram na aula. Você também deve ter às mãos um caderno para registrar qualquer anotação que queira fazer.
Inicie a análise repassando, em sua mente, a aula dada. Vivencie novamente tudo o que deu certo e use o caderno para anotar todas as suas boas idéias e, também, os fatos interessantes que tornaram sua aula mais proveitosa. Alguns exemplos de coisas que você pode anotar são: um fato bem-humorado que você contou e que serviu para ilustrar o assunto da aula, uma boa resposta que deu a um aluno, uma atividade que você propôs e que foi realizada com sucesso pelos alunos, etc.
Uma dica muito proveitosa para este momento: enquanto vivencia novamente a aula em sua mente, conscientize-se dos sinais não-verbais de seu comportamento. Enquanto as coisas estavam dando certo na aula, é bem provável que você estivesse falando em um tom e volume de voz específicos, com gestos e postura corporal peculiares daquele momento. Dificilmente você conseguiria o mesmo resultado se estivesse cabisbaixo, com os ombros caídos, falando num volume baixo e de forma monótona...
Anote no caderno todos esses sinais de comportamento que você perceber. Agindo assim, você estará modelando suas próprias pistas de sucesso. Procure memorizá-las para poder utilizá-las quando necessário. Ao longo de várias anotações, compare-as e você poderá observar quais delas adota com mais freqüência em momentos positivos da sua vida.
Em posse dos fatos positivos e da maneira como você agiu nestes momentos, você poderá repeti-los numa próxima vez. Isso o ajudará a criar, conscientemente, outros momentos de sucesso nas suas aulas!
3) Analise os pontos negativos
O próximo passo é fazer uma lista de tudo o que não deu certo na aula. Escolha um novo lugar para o qual possa voltar sempre que quiser analisar os pontos negativos da aula. Lembre-se de ter às mãos um caderno para anotar suas observações.
Repasse em sua mente, agora, a aula dada, focalizando os fatos que não aconteceram conforme o esperado. Procure compreender o porquê dos erros, ou seja, o que levou você a agir daquela maneira.
Um dos pressupostos da PNL é: se fizermos sempre as mesmas coisas, obteremos sempre os mesmos resultados. Uma das conclusões a que podemos chegar, portanto é: se você não está conseguindo o que deseja com as atitudes atuais, mude suas atitudes.
Uma coisa fundamental a fazer, portanto, é investir um certo tempo imaginando o que você poderia ter feito de diferente para alcançar o que desejava na aula. Qual outra atividade você poderia ter sugerido para a classe? Como você explicaria aquele mesmo conteúdo de uma forma diferente? Percebendo que poderia ter agido de uma outra forma, você volta a se sentir confiante e motivado.
No caderno, você irá anotar as idéias que não funcionaram e, logo a seguir, todas as novas idéias que poderia utilizar numa próxima oportunidade. Lembre-se de que a razão para investigar nossos erros é buscar novas idéias para não repeti-los numa próxima vez, realizando assim uma crítica construtiva do nosso próprio trabalho.
Quero acrescentar uma breve explicação a respeito da escolha de locais diferentes para a análise dos pontos positivos e negativos. O motivo disto é criar uma associação entre o local e a espécie de pensamentos que você irá ter. Repetindo a análise sempre nestes mesmos lugares, você estará reforçando a associação. Depois de algum tempo, se algum dia precisar de motivação, basta se dirigir para o local onde analisa os “pontos positivos” e logo poderá se sentir confiante.
4) Faça uma “ponte para o futuro”.
Para fixar as novas idéias e garantir que elas acontecerão numa próxima vez, utilizaremos esta técnica encontrada em muitos livros sobre PNL. Trata-se de um ensaio mental que lhe permite vivenciar uma situação que poderá ocorrer no futuro, planejando suas reações e seus comportamentos.
“Todos os profissionais que apresentam alto desempenho, sejam eles atores, músicos, vendedores e, especialmente, desportistas, preparam e praticam mentalmente suas ações (...). Ensaiar mentalmente é praticar na imaginação e, como corpo e mente formam um único sistema, isso prepara e aperfeiçoa o corpo para a situação verdadeira.” (O’Connor; Seymour, 1995, pp. 79 e 80).
Tudo que você deve fazer é usar a sua criatividade para imaginar-se no ambiente da sala de aula. Torne-o o mais real possível, utilizando seus principais canais sensoriais: visão, audição e tato. Ou seja: veja, em sua mente, tudo o que você veria; ouça todos os sons que você ouviria, esteja em contato com as sensações que você sentiria.
A seguir, imagine todas as suas novas idéias sendo colocadas em prática e funcionando. Você pode incrementar este ensaio mental utilizando as posições perceptuais (O’Connor, 2004, p. 39). Consiste em você imaginar uma mesma situação acontecendo a partir de três perspectivas diferentes:
a) a de “sua própria realidade, sua própria visão”. Esta é a posição com a qual estamos mais acostumados e na qual quase sempre imaginamos as coisas acontecendo. Basta você imaginar como se sentiria ao colocar em prática as suas novas idéias.
b) a de seu interlocutor (no caso, seus alunos). Aqui, você dá um “salto criativo de sua imaginação para compreender o mundo a partir da perspectiva de outra pessoa, pensar da forma pela qual ela pensa”. Nesta posição, você imagina como iria se sentir e o que iria pensar caso estivesse lá no lugar dos seus alunos.
c) a de uma terceira pessoa (um hipotético ouvinte qualquer de sua aula, que não estivesse diretamente envolvido com ela). Nesta posição, você dá “um passo para fora de sua visão e da visão da outra pessoa para uma perspectiva distanciada. Ali você pode ver o relacionamento entre os dois outros pontos de vista”. Na perspectiva de uma terceira pessoa, você pode agir como um avaliador, checando “de fora” a eficácia de suas novas estratégias
Ao transitar pelas três posições perceptuais, talvez você deseje mudar alguma coisa em suas novas idéias, percebendo que algo não funcionaria se realmente fosse adotado na prática. Caso você sinta esta necessidade de mudar alguma idéia, faça isso até você se convencer de que aquela seria realmente a melhor maneira de ensinar o assunto.
É claro que você só vai ter a certeza da eficácia no momento real da aula. No entanto, o fato de termos mais opções de ação nos coloca imediatamente num estado emocional com maiores recursos. Este é mais um grande passo para usar as emoções a nosso favor e para agirmos com inteligência emocional
Com este texto, encerramos a série de artigos sobre o controle emocional em sala de aula. Espero, realmente, que os textos tenham sido de grande utilidade para você e que o tenham ajudado a desenvolver e praticar sua inteligência emocional.
Escreva seus comentários no link encontrado logo abaixo desse texto! No próximo, apresentaremos a estratégia de criatividade de Walt Disney e mostraremos como aplicá-la na preparação das aulas.
Referências Bibliográficas
- BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
- CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
- DILTS, Robert. Enfrentando a Audiência. São Paulo: Summus, 1997.
- O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
- O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
- PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
- ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
- WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
- WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
Dependendo dos fatos que aconteceram durante as aulas, o professor pode, também, ficar emocionalmente desgastado. Às vezes, um único fato negativo pode acabar com sua motivação e fazer com que se sinta decepcionado pelo resto do dia. Em geral, quando isso acontece, ficamos obcecados com o mesmo pensamento negativo e “fechamos” nossa percepção para as outras coisas que acontecem ao nosso redor.
Nessas condições, é difícil avaliar nosso próprio desempenho de forma precisa e conscienciosa. Precisamos ter em mente que qualquer tipo de avaliação deve ser realizada com distanciamento emocional dos fatos, para que não os julguemos a partir de uma percepção distorcida da realidade.
Antes de iniciar a análise da aula dada, o professor deve, assim, se desvencilhar dos estados emocionais muito intensos, praticando um pouco de relaxamento (veremos logo a seguir).
Você pode estar perguntando se também deve praticar o relaxamento no caso de estar sentindo um forte estado emocional positivo (como euforia, por exemplo). Mesmo neste caso recomendo o relaxamento antes da análise, pois as emoções positivas também alteram nossa percepção da realidade. E o que queremos é um estado de neutralidade, para não realizarmos julgamentos unilaterais e, portanto, falhos.
1) Relaxe
O objetivo de praticar o relaxamento é, portanto, atenuar a intensidade de qualquer estado emocional exacerbado que você estiver sentindo. Acomode-se em um lugar bem confortável e focalize a atenção em sua respiração, inspirando e expirando de forma lenta e profunda.
A seguir, localize as tensões do corpo e solte os músculos que estiverem contraídos sem necessidade. Você também pode alongar os principais músculos do corpo, como por exemplo o pescoço, os ombros, os braços, as pernas e as costas.
Interrompa os diálogos internos improdutivos. Com isso, quero dizer que você deve evitar aquela “conversa” que estabelece com você mesmo, se culpando, por exemplo, por algum tópico que não conseguiu cumprir ou por algum assunto que não desenvolveu como gostaria.
Por fim, crie imagens mentais positivas. Neste momento, não é útil ficar lembrando da “cara de ponto de interrogação” que seus alunos faziam enquanto você tentava explicar a matéria, mas só se enrolava cada vez mais... Ao contrário disso, evite os pensamentos referentes à sala de aula e visualize internamente paisagens calmas, das quais você gosta e que fazem você se sentir em um melhor estado de relaxamento.
Ao terminar a sessão de relaxamento, você terá desacelerado o ritmo do seu corpo e de sua mente. Agora você está em condições de lidar com os fatos de forma mais racional e objetiva.
2) Analise os pontos positivos
Em primeiro lugar, você deve escolher um local adequado, para o qual possa voltar sempre que quiser analisar os pontos positivos que aconteceram na aula. Você também deve ter às mãos um caderno para registrar qualquer anotação que queira fazer.
Inicie a análise repassando, em sua mente, a aula dada. Vivencie novamente tudo o que deu certo e use o caderno para anotar todas as suas boas idéias e, também, os fatos interessantes que tornaram sua aula mais proveitosa. Alguns exemplos de coisas que você pode anotar são: um fato bem-humorado que você contou e que serviu para ilustrar o assunto da aula, uma boa resposta que deu a um aluno, uma atividade que você propôs e que foi realizada com sucesso pelos alunos, etc.
Uma dica muito proveitosa para este momento: enquanto vivencia novamente a aula em sua mente, conscientize-se dos sinais não-verbais de seu comportamento. Enquanto as coisas estavam dando certo na aula, é bem provável que você estivesse falando em um tom e volume de voz específicos, com gestos e postura corporal peculiares daquele momento. Dificilmente você conseguiria o mesmo resultado se estivesse cabisbaixo, com os ombros caídos, falando num volume baixo e de forma monótona...
Anote no caderno todos esses sinais de comportamento que você perceber. Agindo assim, você estará modelando suas próprias pistas de sucesso. Procure memorizá-las para poder utilizá-las quando necessário. Ao longo de várias anotações, compare-as e você poderá observar quais delas adota com mais freqüência em momentos positivos da sua vida.
Em posse dos fatos positivos e da maneira como você agiu nestes momentos, você poderá repeti-los numa próxima vez. Isso o ajudará a criar, conscientemente, outros momentos de sucesso nas suas aulas!
3) Analise os pontos negativos
O próximo passo é fazer uma lista de tudo o que não deu certo na aula. Escolha um novo lugar para o qual possa voltar sempre que quiser analisar os pontos negativos da aula. Lembre-se de ter às mãos um caderno para anotar suas observações.
Repasse em sua mente, agora, a aula dada, focalizando os fatos que não aconteceram conforme o esperado. Procure compreender o porquê dos erros, ou seja, o que levou você a agir daquela maneira.
Um dos pressupostos da PNL é: se fizermos sempre as mesmas coisas, obteremos sempre os mesmos resultados. Uma das conclusões a que podemos chegar, portanto é: se você não está conseguindo o que deseja com as atitudes atuais, mude suas atitudes.
Uma coisa fundamental a fazer, portanto, é investir um certo tempo imaginando o que você poderia ter feito de diferente para alcançar o que desejava na aula. Qual outra atividade você poderia ter sugerido para a classe? Como você explicaria aquele mesmo conteúdo de uma forma diferente? Percebendo que poderia ter agido de uma outra forma, você volta a se sentir confiante e motivado.
No caderno, você irá anotar as idéias que não funcionaram e, logo a seguir, todas as novas idéias que poderia utilizar numa próxima oportunidade. Lembre-se de que a razão para investigar nossos erros é buscar novas idéias para não repeti-los numa próxima vez, realizando assim uma crítica construtiva do nosso próprio trabalho.
Quero acrescentar uma breve explicação a respeito da escolha de locais diferentes para a análise dos pontos positivos e negativos. O motivo disto é criar uma associação entre o local e a espécie de pensamentos que você irá ter. Repetindo a análise sempre nestes mesmos lugares, você estará reforçando a associação. Depois de algum tempo, se algum dia precisar de motivação, basta se dirigir para o local onde analisa os “pontos positivos” e logo poderá se sentir confiante.
4) Faça uma “ponte para o futuro”.
Para fixar as novas idéias e garantir que elas acontecerão numa próxima vez, utilizaremos esta técnica encontrada em muitos livros sobre PNL. Trata-se de um ensaio mental que lhe permite vivenciar uma situação que poderá ocorrer no futuro, planejando suas reações e seus comportamentos.
“Todos os profissionais que apresentam alto desempenho, sejam eles atores, músicos, vendedores e, especialmente, desportistas, preparam e praticam mentalmente suas ações (...). Ensaiar mentalmente é praticar na imaginação e, como corpo e mente formam um único sistema, isso prepara e aperfeiçoa o corpo para a situação verdadeira.” (O’Connor; Seymour, 1995, pp. 79 e 80).
Tudo que você deve fazer é usar a sua criatividade para imaginar-se no ambiente da sala de aula. Torne-o o mais real possível, utilizando seus principais canais sensoriais: visão, audição e tato. Ou seja: veja, em sua mente, tudo o que você veria; ouça todos os sons que você ouviria, esteja em contato com as sensações que você sentiria.
A seguir, imagine todas as suas novas idéias sendo colocadas em prática e funcionando. Você pode incrementar este ensaio mental utilizando as posições perceptuais (O’Connor, 2004, p. 39). Consiste em você imaginar uma mesma situação acontecendo a partir de três perspectivas diferentes:
a) a de “sua própria realidade, sua própria visão”. Esta é a posição com a qual estamos mais acostumados e na qual quase sempre imaginamos as coisas acontecendo. Basta você imaginar como se sentiria ao colocar em prática as suas novas idéias.
b) a de seu interlocutor (no caso, seus alunos). Aqui, você dá um “salto criativo de sua imaginação para compreender o mundo a partir da perspectiva de outra pessoa, pensar da forma pela qual ela pensa”. Nesta posição, você imagina como iria se sentir e o que iria pensar caso estivesse lá no lugar dos seus alunos.
c) a de uma terceira pessoa (um hipotético ouvinte qualquer de sua aula, que não estivesse diretamente envolvido com ela). Nesta posição, você dá “um passo para fora de sua visão e da visão da outra pessoa para uma perspectiva distanciada. Ali você pode ver o relacionamento entre os dois outros pontos de vista”. Na perspectiva de uma terceira pessoa, você pode agir como um avaliador, checando “de fora” a eficácia de suas novas estratégias
Ao transitar pelas três posições perceptuais, talvez você deseje mudar alguma coisa em suas novas idéias, percebendo que algo não funcionaria se realmente fosse adotado na prática. Caso você sinta esta necessidade de mudar alguma idéia, faça isso até você se convencer de que aquela seria realmente a melhor maneira de ensinar o assunto.
É claro que você só vai ter a certeza da eficácia no momento real da aula. No entanto, o fato de termos mais opções de ação nos coloca imediatamente num estado emocional com maiores recursos. Este é mais um grande passo para usar as emoções a nosso favor e para agirmos com inteligência emocional
Com este texto, encerramos a série de artigos sobre o controle emocional em sala de aula. Espero, realmente, que os textos tenham sido de grande utilidade para você e que o tenham ajudado a desenvolver e praticar sua inteligência emocional.
Escreva seus comentários no link encontrado logo abaixo desse texto! No próximo, apresentaremos a estratégia de criatividade de Walt Disney e mostraremos como aplicá-la na preparação das aulas.
Referências Bibliográficas
- BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
- CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
- DILTS, Robert. Enfrentando a Audiência. São Paulo: Summus, 1997.
- O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
- O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
- PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
- ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
- WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
- WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
Durante as aulas
Durante as aulas
Lembro-me bem do primeiro dia de aula da minha sexta série. Estávamos felizes por reencontrar os colegas e, também, ansiosos para conhecer os novos professores daquele ano.
O sinal tocou e a aula de matemática estava para começar. Quando a professora, ainda desconhecida, entrou na sala, o silêncio foi geral: todos nós ficamos com muito medo, pois ela era o mau humor em pessoa – desde sua postura, suas expressões faciais, seu olhar, seus gestos até a forma grosseira com que ela se dirigia aos alunos.
Mal cumprimentou a classe, logo ordenou que pegássemos nossos cadernos, pois ela iniciaria a revisão. Nada de boas-vindas ou apresentação pessoal, nada de palavras de incentivo ou um sorriso simpático...
Aquela foi uma experiência inesquecível e, hoje, tenho-a como um ótimo exemplo de como NÃO agir em sala de aula. Será que o professor precisa mesmo bancar o “durão” para conquistar o respeito dos alunos?
Entendo que o professor deva ter plena consciência de suas atitudes, se quiser liderar adequadamente uma classe. Piletti (2004, p. 83) diz que “o comportamento do professor em relação aos alunos é de fundamental importância para que ocorra a aprendizagem”. De fato, se um aluno sente medo do professor, sua atenção estará voltada para a autodefesa, enquanto deveria estar focada no conteúdo a ser aprendido.
O mesmo autor diz, também, que o professor “não é neutro, sem sentimentos, frio e distante. É uma pessoa e, como tal, tem sentimentos, simpatias, antipatias, amor, ódio, medo, timidez, etc”. É verdade que o professor não está livre de ter sentimentos. Ele não é um robô programado para ensinar, indiferente ao que acontece ao seu redor. Mas será que ele deve mesmo expressar todos os seus sentimentos aos alunos?
Piletti responde (p. 93) que uma das qualidades essenciais do professor é a autenticidade. “Professores e alunos são autênticos quando se apresentam como realmente são, sem disfarces, sem máscaras. O professor contribuirá muito para a aprendizagem se for sincero, se assumir seus sentimentos, se se envolver pessoalmente com os alunos. Isto é: o professor pode mostrar-se irritado, se realmente estiver irritado; pode mostrar-se interessado ou não nos alunos numa certa aula; satisfeito ou insatisfeito com o trabalho dos alunos”.
Concordo que o professor deva se envolver pessoalmente com os alunos e ser autêntico com relação ao aproveitamento deles em classe, desde que saiba realizar críticas construtivas. No entanto, se o comportamento do professor em relação aos alunos tem importância fundamental para que a aprendizagem ocorra, será que manifestar sua raiva com gritos, por exemplo, é uma forma interessante de se estabelecer um clima psicológico saudável em sala de aula?
Os professores exercem uma profissão na qual lidam diretamente com pessoas, assim como médicos, vendedores, psicólogos e advogados. Não é conveniente deixar que as emoções afetem seus comportamentos. Não se trata de vestir máscaras ou disfarces, mas sim de agir de forma pensada, inteligente. Quando uma pessoa age baseada em emoções extremas, dizemos que não sabe o que está fazendo e, por isso, passamos a não confiar mais em suas palavras ou atitudes. Passamos a vê-la com outros olhos e associamos a ela sensações de descrença.
É interessante pensarmos na emoção como se fosse um cavalo selvagem. Quando montamos nela (isto é, nos deixamos levar por ela), não sabemos para onde podemos ir. Se não lhe colocarmos as rédeas do controle, podemos fracassar – ou “cair do cavalo”!
Por outro lado, admiramos uma pessoa comedida e sensata, que pensa antes de tomar uma decisão, que mede as conseqüências de suas atitudes. Em nossa cultura, a emoção é freqüentemente contraposta à razão. Enquanto esta é símbolo de intelectualidade, aquela é símbolo de irracionalidade.
Weisinger (1997) explica que as emoções alteram nossa percepção dos fatos e bloqueiam nosso raciocínio, fazendo-nos agir de forma ineficaz e, muitas vezes, prejudicial. Por outro lado, quando utilizamos a inteligência emocional, colocamos a razão para trabalhar e agimos de forma calculada; refletimos nas conseqüências de nossas atitudes e ampliamos nosso horizonte de percepção.
Assim, um professor que queria mais sucesso em sua profissão precisa necessariamente se posicionar diante da classe com inteligência para controlar suas próprias emoções e as colocar a favor de sua prática educacional – e não ficar à mercê delas.
É preciso lembrar que bons comunicadores sabem usar a emoção para se expressarem, mas não se deixam dominar por ela. Para tanto, é preciso habilidade para domar os próprios impulsos de raiva, impaciência, timidez e até mesmo de alegria. Um líder de sucesso saber a hora certa de engrossar um pouco a voz e se tornar mais sério, quando precisa de autoridade; mas sabe brincar e descontrair o ambiente quando a situação assim exige.
Se os alunos não estão motivados, se não conseguem se concentrar durante as aulas, se faltam demais ou sempre chegam atrasados é porque estão envolvidos com coisas mais interessantes do que a própria aula. A culpa não é deles, mas sim do professor, pois é ele que deveria tornar a aula mais interessante e mais atraente para todos. É uma tarefa difícil? Pode ser que sim, mas prefiro pensar que este é o doce desafio de nossa profissão.
Exercitando sua criatividade
Como você reagiria, de forma criativa, diante das situações expostas abaixo?
1) Você está explicando alguma matéria e percebe que um grupo de alunos está desinteressado, conversando. Logo, a conversa contagia os colegas ao lado e o ruído atrapalha sua explicação. As tentativas de pedido de silêncio não funcionam e a classe está totalmente dispersa.
2) Você sugere uma atividade para uma classe constituída de alunos adolescentes. De repente, um dos alunos levanta-se e pergunta em tom desafiador: “E se eu não fizer, o que acontece?”.
3) Você está escrevendo no quadro-negro e, de repente, algum aluno joga um aviãozinho de papel em sua cabeça.
Minha intenção, neste texto, foi promover uma reflexão sobre as atitudes do professor em sala de aula. Convido você a colocar sua inteligência emocional em prática e repensar seus comportamentos em classe. Incentivo-o a usar sua criatividade para inventar novas respostas às situações que costumam deixar você em um péssimo estado emocional.
Estaremos sempre enfrentando novos desafios; no entanto, podemos encontrar, dentro de nós mesmos, todos os recursos necessários para os superar. No próximo texto, o último desta trilogia, falaremos sobre o “depois” das aulas: como o professor pode tirar proveito das aulas ministradas, para se aperfeiçoar cada vez mais.
Referências Bibliográficas
BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
DILTS, Robert. Enfrentando a Audiência. São Paulo: Summus, 1997.
O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
Lembro-me bem do primeiro dia de aula da minha sexta série. Estávamos felizes por reencontrar os colegas e, também, ansiosos para conhecer os novos professores daquele ano.
O sinal tocou e a aula de matemática estava para começar. Quando a professora, ainda desconhecida, entrou na sala, o silêncio foi geral: todos nós ficamos com muito medo, pois ela era o mau humor em pessoa – desde sua postura, suas expressões faciais, seu olhar, seus gestos até a forma grosseira com que ela se dirigia aos alunos.
Mal cumprimentou a classe, logo ordenou que pegássemos nossos cadernos, pois ela iniciaria a revisão. Nada de boas-vindas ou apresentação pessoal, nada de palavras de incentivo ou um sorriso simpático...
Aquela foi uma experiência inesquecível e, hoje, tenho-a como um ótimo exemplo de como NÃO agir em sala de aula. Será que o professor precisa mesmo bancar o “durão” para conquistar o respeito dos alunos?
Entendo que o professor deva ter plena consciência de suas atitudes, se quiser liderar adequadamente uma classe. Piletti (2004, p. 83) diz que “o comportamento do professor em relação aos alunos é de fundamental importância para que ocorra a aprendizagem”. De fato, se um aluno sente medo do professor, sua atenção estará voltada para a autodefesa, enquanto deveria estar focada no conteúdo a ser aprendido.
O mesmo autor diz, também, que o professor “não é neutro, sem sentimentos, frio e distante. É uma pessoa e, como tal, tem sentimentos, simpatias, antipatias, amor, ódio, medo, timidez, etc”. É verdade que o professor não está livre de ter sentimentos. Ele não é um robô programado para ensinar, indiferente ao que acontece ao seu redor. Mas será que ele deve mesmo expressar todos os seus sentimentos aos alunos?
Piletti responde (p. 93) que uma das qualidades essenciais do professor é a autenticidade. “Professores e alunos são autênticos quando se apresentam como realmente são, sem disfarces, sem máscaras. O professor contribuirá muito para a aprendizagem se for sincero, se assumir seus sentimentos, se se envolver pessoalmente com os alunos. Isto é: o professor pode mostrar-se irritado, se realmente estiver irritado; pode mostrar-se interessado ou não nos alunos numa certa aula; satisfeito ou insatisfeito com o trabalho dos alunos”.
Concordo que o professor deva se envolver pessoalmente com os alunos e ser autêntico com relação ao aproveitamento deles em classe, desde que saiba realizar críticas construtivas. No entanto, se o comportamento do professor em relação aos alunos tem importância fundamental para que a aprendizagem ocorra, será que manifestar sua raiva com gritos, por exemplo, é uma forma interessante de se estabelecer um clima psicológico saudável em sala de aula?
Os professores exercem uma profissão na qual lidam diretamente com pessoas, assim como médicos, vendedores, psicólogos e advogados. Não é conveniente deixar que as emoções afetem seus comportamentos. Não se trata de vestir máscaras ou disfarces, mas sim de agir de forma pensada, inteligente. Quando uma pessoa age baseada em emoções extremas, dizemos que não sabe o que está fazendo e, por isso, passamos a não confiar mais em suas palavras ou atitudes. Passamos a vê-la com outros olhos e associamos a ela sensações de descrença.
É interessante pensarmos na emoção como se fosse um cavalo selvagem. Quando montamos nela (isto é, nos deixamos levar por ela), não sabemos para onde podemos ir. Se não lhe colocarmos as rédeas do controle, podemos fracassar – ou “cair do cavalo”!
Por outro lado, admiramos uma pessoa comedida e sensata, que pensa antes de tomar uma decisão, que mede as conseqüências de suas atitudes. Em nossa cultura, a emoção é freqüentemente contraposta à razão. Enquanto esta é símbolo de intelectualidade, aquela é símbolo de irracionalidade.
Weisinger (1997) explica que as emoções alteram nossa percepção dos fatos e bloqueiam nosso raciocínio, fazendo-nos agir de forma ineficaz e, muitas vezes, prejudicial. Por outro lado, quando utilizamos a inteligência emocional, colocamos a razão para trabalhar e agimos de forma calculada; refletimos nas conseqüências de nossas atitudes e ampliamos nosso horizonte de percepção.
Assim, um professor que queria mais sucesso em sua profissão precisa necessariamente se posicionar diante da classe com inteligência para controlar suas próprias emoções e as colocar a favor de sua prática educacional – e não ficar à mercê delas.
É preciso lembrar que bons comunicadores sabem usar a emoção para se expressarem, mas não se deixam dominar por ela. Para tanto, é preciso habilidade para domar os próprios impulsos de raiva, impaciência, timidez e até mesmo de alegria. Um líder de sucesso saber a hora certa de engrossar um pouco a voz e se tornar mais sério, quando precisa de autoridade; mas sabe brincar e descontrair o ambiente quando a situação assim exige.
Se os alunos não estão motivados, se não conseguem se concentrar durante as aulas, se faltam demais ou sempre chegam atrasados é porque estão envolvidos com coisas mais interessantes do que a própria aula. A culpa não é deles, mas sim do professor, pois é ele que deveria tornar a aula mais interessante e mais atraente para todos. É uma tarefa difícil? Pode ser que sim, mas prefiro pensar que este é o doce desafio de nossa profissão.
Exercitando sua criatividade
Como você reagiria, de forma criativa, diante das situações expostas abaixo?
1) Você está explicando alguma matéria e percebe que um grupo de alunos está desinteressado, conversando. Logo, a conversa contagia os colegas ao lado e o ruído atrapalha sua explicação. As tentativas de pedido de silêncio não funcionam e a classe está totalmente dispersa.
2) Você sugere uma atividade para uma classe constituída de alunos adolescentes. De repente, um dos alunos levanta-se e pergunta em tom desafiador: “E se eu não fizer, o que acontece?”.
3) Você está escrevendo no quadro-negro e, de repente, algum aluno joga um aviãozinho de papel em sua cabeça.
Minha intenção, neste texto, foi promover uma reflexão sobre as atitudes do professor em sala de aula. Convido você a colocar sua inteligência emocional em prática e repensar seus comportamentos em classe. Incentivo-o a usar sua criatividade para inventar novas respostas às situações que costumam deixar você em um péssimo estado emocional.
Estaremos sempre enfrentando novos desafios; no entanto, podemos encontrar, dentro de nós mesmos, todos os recursos necessários para os superar. No próximo texto, o último desta trilogia, falaremos sobre o “depois” das aulas: como o professor pode tirar proveito das aulas ministradas, para se aperfeiçoar cada vez mais.
Referências Bibliográficas
BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.
CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
DILTS, Robert. Enfrentando a Audiência. São Paulo: Summus, 1997.
O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
emoções I
Lidando com as emoções I
Por Ricardo Luiz Marcello
É com grande alegria que saúdo todos os amigos leitores desta coluna! No texto passado, refletimos sobre o papel do professor no processo de ensino e tivemos uma visão geral sobre o que podemos fazer quando aplicamos a PNL na sala de aula.
No entanto, de nada adianta ter estas qualidades e não saber lidar com as próprias emoções. Para exercer uma liderança efetiva perante a classe, o bom professor precisa desenvolver outra virtude indispensável: o controle emocional.
Iniciaremos uma série de três textos que irão abordar a importância do controle emocional antes, durante e depois das aulas. Nesta primeira parte, aprenderemos o que são estados emocionais e como podemos alterá-los. O objetivo é “fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e seu raciocínio, de maneira a aperfeiçoar seus resultados” (Weisinger, 1997, p. 14).
Espero que estes textos ajudem você a se aprimorar tanto profissionalmente quanto pessoalmente e que o incentivem a adotar uma postura mais ativa perante a vida, enfraquecendo a crença de que estamos à mercê de nossas próprias emoções.
Estados emocionais antes das aulas
Pare por uns instantes e reflita sobre as perguntas a seguir:
Como você se sente antes de ministrar uma aula? Como é o diálogo que estabelece consigo próprio? São palavras motivadoras, carregadas de confiança e entusiasmo ou você fica o tempo todo reprovando suas idéias? Nos momentos antes de entrar na sala, que tipo de imagens passa pela sua mente? Você tem o hábito de focalizar seus pensamentos nos problemas que podem acontecer ou nas estratégias que podem funcionar? Você imagina os alunos interessados e participativos ou com “cara de ponto de interrogação”?
Com base nas respostas que obteve, como você avalia as emoções que sente antes das aulas? São positivas ou negativas? Elas colaboram para que você tenha sucesso nas aulas ou apenas o prejudicam?
Algumas das piores sensações que um professor pode experimentar antes das aulas são: ansiedade, medo, insegurança, pessimismo, raiva, cansaço e falta de motivação. Estes estados limitam suas atitudes e pensamentos, deixando-o sem recursos para ministrar uma aula de qualidade. A boa notícia, entretanto, é que os estados são passageiros: podem e devem ser manipulados, para que se obtenha um melhor rendimento dentro da sala de aula. Estamos falando de Inteligência Emocional – o uso inteligente das emoções.
Encontramos em O’Connor um parágrafo esclarecedor. “Estados bons para a aprendizagem são a curiosidade, a fascinação, o interesse e a empolgação. Quando as pessoas estão entediadas, desanimadas, ansiosas ou hostis, nada aprendem. Os melhores professores são capazes de mudar o estado de seus alunos para bons estados de aprendizagem. Fazem isso estando em bons estados eles mesmos – estados são contagiosos” (2004, p. 84).
O que são estados emocionais?
Estado emocional é uma resultante de nossas representações internas (pensamentos), fisiologia e comportamentos.
Pensamentos ou representações internas são as imagens, sensações táteis, odores, sabores e sons que surgem em nossa mente, sejam eles criados ou recordados. Entra aqui, também, o diálogo interno – aquela conversa que estabelecemos com nós mesmos durante a maior parte do dia.
Fisiologia é o conjunto das reações bioquímicas que acontecem em nosso organismo, assim como os batimentos cardíacos, a pressão arterial, o grau de dilatação da pupila, a temperatura corporal, a concentração de açúcar no sangue, a coloração facial, etc. Não podemos manipular diretamente os elementos de nossa fisiologia, mas podemos controlá-los através dos comportamentos.
Comportamentos são nossas atitudes conscientes e inconscientes (reações espontâneas), tais como a postura corporal, gestos, tensão muscular, palavras, respiração, tom e volume de voz, entre outros.
Esses três fatores estão interligados e interagem reciprocamente uns com os outros, determinando um estado emocional. Controlar o estado emocional implica, portanto, em estarmos conscientes dos fatores citados. No entanto, temos aqui uma via de mão-dupla: se não exercermos este controle ativo sobre o processo, os estados emocionais determinarão nossos pensamentos, nossa fisiologia e nossos comportamentos, como podemos visualizar no diagrama abaixo. (ver imagem inicial)
Adaptado de Robbins (2001, p. 51)
Por exemplo, com relação à fisiologia, o estado de ansiedade pode caracterizar-se por batimentos cardíacos em pulso acelerado, forte pressão arterial, mãos geladas e palidez facial. Quanto aos comportamentos, o padrão respiratório é superficial e rápido, a fala é rápida e num tom de voz agudo, os gestos são rápidos e há bastante tensão muscular em pontos específicos do corpo (abdome, pescoço, maxilar inferior), podendo haver tiques nervosos. Os pensamentos estão quase sempre focados no fracasso, ou seja, nas coisas que podem dar errado; o diálogo interno é afobado ou desesperado, com ritmo rápido e conteúdo pessimista.
Como podemos manipular nossos estados emocionais?
Para pensar e agir com desenvoltura, o professor precisa estar em um estado emocional excelente, onde possa experimentar boas sensações, como confiança, alegria, entusiasmo, energia e criatividade. Ao identificar um estado emocional negativo, alguma coisa precisa ser feita. Manipular o estado emocional implica, assim, em controlar conscientemente a fisiologia, o comportamento e os pensamentos. A seguir, há algumas dicas de como podemos exercer tal controle.
Fisiologia
Já foi dito anteriormente que não podemos exercer um controle direto sobre nossa fisiologia. Podemos, na verdade, tentar controlá-la através de nossos comportamentos. Por exemplo: não podemos controlar diretamente as batidas do nosso coração, mas podemos diminuir nossa pulsação se respirarmos de forma mais lenta e profunda. Note que “respirar de forma mais lenta e profunda” é um comportamento; o resultado fisiológico é a desaceleração do pulso. Podemos, no entanto, usar a fisiologia como um “termômetro”, ou seja, como uma forma objetiva de avaliarmos nossos estados emocionais.
Infelizmente, muitas pessoas utilizam drogas, remédios e outras substâncias químicas com o objetivo de manipular as reações bioquímicas de seus corpos, conseguindo assim mudanças de estado emocional. Sabemos que o álcool, por exemplo, altera a consciência e proporciona uma sensação de relaxamento e desinibição, mas por outro lado causa dependência e danos ao organismo.
Você não precisa disso para conseguir um estado emocional mais positivo! Controlar os comportamentos e a representação interna é muito mais eficaz e não causa efeitos colaterais.
Comportamento
Você deve adequar seu comportamento ao estado desejado, ou seja: se quiser sentir alegria, você precisa fazer as mesmas coisas que faz quando está alegre. Pule, sorria, cante ou assobie uma música de que gosta. Se quiser sentir tranqüilidade, acomode-se confortavelmente na sua cama ou no seu sofá predileto, respire de forma tranqüila, movimente-se vagarosamente, ouça uma música que o deixe nesse estado.
Dê atenção aos vários aspectos do seu comportamento (postura corporal, gestos, tensão muscular, palavras, respiração, tom e volume de voz, etc.), imaginando como você agiria de acordo com cada um deles, em função do estado emocional que deseja criar. Se você tiver dúvidas de como fazer isso, use a criatividade e “finja que” que você já está sentindo o estado emocional desejado.
Pensamentos
O que você faria se... ganhasse na loteria? Como você se manifestaria ao ver o bilhete premiado? O que diria para você mesmo e para as outras pessoas? Você compraria um carro novo? De que cor? De qual marca e modelo? Você poderia comprar uma mansão de frente para o mar! Você poderia aplicar o dinheiro e viver apenas com o rendimento mensal, sem precisar trabalhar!
Voltando à realidade... caso tenha realmente experimentado em sua mente a sensação de ser milionário, você produziu representações internas, ou seja, você vivenciou um pouco de alegria e entusiasmo a partir de sua imaginação criativa.
Assim, para conseguir determinado estado emocional, você deve criar ou lembrar de imagens, sensações táteis, sons, odores e sabores a ele associados. Tudo que você precisa fazer é produzir, na mente, o contexto no qual sentiria o estado desejado.
Desta forma, ao associarmos as mudanças de pensamento às de comportamento, teremos uma maneira muito efetiva de alterarmos nossos estados emocionais.
Aprendendo através de um exemplo
Vamos supor que você sinta muita ansiedade antes das aulas e deseje criar um estado de tranqüilidade. Acompanhe cada uma das etapas sugeridas a seguir, baseadas no que aprendemos sobre controle emocional:
- Com relação ao comportamento, respire várias vezes de forma profunda e tranqüila. Relaxe os músculos de seu corpo, inclusive os músculos faciais. Dê atenção às sensações corporais, ao contato do seu corpo com a cadeira (ou com o local onde estiver). Se tiver que conversar com alguém, faça-o num tom de voz mais grave e num ritmo de fala mais lenta. Gesticule de forma mais lenta e harmoniosa, evitando movimentos bruscos. Se possível, procure sentar-se ao invés de ficar andando de um lado para outro.
- Quanto aos pensamentos, focalize todos os aspectos positivos de sua aula. Crie uma imagem mental dos alunos interessados e participativos. Você pode deixar essas imagens maiores e mais nítidas, mais coloridas e mais brilhantes. Imagine-se confiante e entusiasmado, falando com desenvoltura e com boa dicção. Estabeleça um diálogo interno positivo, como se você estivesse ouvindo os conselhos de um colega mais experiente. Deixe essa voz interior calma e suave para induzir seu estado de relaxamento.
Se agir assim antes de entrar na sala de aula, estará exercitando sua inteligência emocional e, com certeza, estará dando um enorme passo para anular a ansiedade, conquistando a tranqüilidade desejada.
Neste texto, pudemos aprender o que são estados emocionais, como podemos controlá-los e quais são as vantagens deste controle. Em nosso próximo encontro, daremos continuação ao assunto, discutindo as vantagens do controle emocional durante as aulas.
“O segredo para viver em paz com todos consiste na arte de compreender cada um segundo a sua individualidade.” (F. Luis Jahn)
Referências Bibliográficas
- PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.
- WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
- O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.
- ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.
- O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.
- Introdução à Programação Neurolingüística. São Paulo: Summus, 1995.
- DILTS, Robert. Enfrentando a Audiência. São Paulo: Summus, 1997.
- WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.
- CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.
Para você, caro professor, tenho um recado especial: meus sinceros parabéns pelo seu interesse, pela sua curiosidade e, principalmente, pela sua humildade. Essas são as principais virtudes de um profissional diferenciado do senso comum. Saiba que, só por ter chegado até aqui, você já possui, dentro de você, a coisa mais importante de que precisa para encontrar realização pessoal: a verdadeira vontade de aprender.
Ensinar não é simplesmente transmitir informações, despejar conhecimento nos alunos. Trata-se de um processo mais complexo, que exige do professor qualidades como dedicação, paciência e humildade. Além disso, é necessário ter um bom conhecimento da matéria a ser ensinada, habilidade de motivar os estudantes para o aprendizado, criatividade para elaborar diversas abordagens para um mesmo assunto, flexibilidade para resolver os desafios do dia-a-dia da classe, compreensão para lidar com diversos tipos de personalidade, persuasão para liderar qualquer grupo de pessoas, consciência dos fatores psicológicos que influenciam a aprendizagem, discernimento nas avaliações e um grande poder de comunicação.
Ufa! E quem disse que é fácil ser professor? Principalmente num país como o nosso, onde a grande maioria de nossas crianças acaba abandonando a escola para ajudar no sustento da família. Infelizmente, dos estudantes que iniciam a primeira série do primeiro grau, apenas 10% conseguem chegar ao segundo grau (dados extraídos de PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004). São privilegiados aqueles que têm acesso às informações escolares e a nossa grande responsabilidade, como professores, é disseminar a cultura pelos quatro cantos deste país.
Um bom professor deve saber que sua única via de acesso para atingir os alunos é a comunicação. E é aqui que entra a importância da PNL, oferecendo uma série de ferramentas e princípios baseados em psicologia, neurologia e psicolingüística. Quando estes recursos são aplicados na educação, a troca de informações entre educadores e educandos melhora de maneira global, tornando-se mais eficaz e dinâmica.
Pare por uns instantes... enquanto lê as próximas linhas... imagine-se planejando suas aulas com mais eficiência... visualize sua classe motivada e participativa, com sede de aprender... sinta-se capaz de despertar a curiosidade daquele estudante tão desanimado ali no cantinho da sala... experimente a sensação de estar no controle... Com certeza, você ouvirá muitos elogios, pois será capaz de revolucionar seu jeito de dar aula! Sim! Com a PNL, temos essa chance de proporcionar aos nossos alunos um ensino sério e consistente, sem destruir o potencial criativo das nossas turmas!
Nesta coluna, portanto, você encontrará dicas de como aplicar, na sala de aula, os principais recursos da PNL. Queremos expandir as suas possibilidades de ação, para que você se sinta mais seguro ao liderar o processo educativo oferecido aos seus educandos.
Este texto introdutório pretendeu dar uma visão geral sobre o que é possível realizar quando aplicamos a PNL na sala de aula e sobre o papel do professor no processo de ensino. No entanto, o professor não pode oferecer um ensino de qualidade se não estiver bem consigo mesmo; é preciso aprender a lidar com suas próprias emoções antes de exercer a liderança perante uma classe. Esse é o assunto que iremos abordar em nosso próximo encontro.
Para refletir: “crie as oportunidades, não espere somente encontrá-las” (Francis Bacon).
Mais artigos
Ensinar não é simplesmente transmitir informações, despejar conhecimento nos alunos. Trata-se de um processo mais complexo, que exige do professor qualidades como dedicação, paciência e humildade. Além disso, é necessário ter um bom conhecimento da matéria a ser ensinada, habilidade de motivar os estudantes para o aprendizado, criatividade para elaborar diversas abordagens para um mesmo assunto, flexibilidade para resolver os desafios do dia-a-dia da classe, compreensão para lidar com diversos tipos de personalidade, persuasão para liderar qualquer grupo de pessoas, consciência dos fatores psicológicos que influenciam a aprendizagem, discernimento nas avaliações e um grande poder de comunicação.
Ufa! E quem disse que é fácil ser professor? Principalmente num país como o nosso, onde a grande maioria de nossas crianças acaba abandonando a escola para ajudar no sustento da família. Infelizmente, dos estudantes que iniciam a primeira série do primeiro grau, apenas 10% conseguem chegar ao segundo grau (dados extraídos de PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004). São privilegiados aqueles que têm acesso às informações escolares e a nossa grande responsabilidade, como professores, é disseminar a cultura pelos quatro cantos deste país.
Um bom professor deve saber que sua única via de acesso para atingir os alunos é a comunicação. E é aqui que entra a importância da PNL, oferecendo uma série de ferramentas e princípios baseados em psicologia, neurologia e psicolingüística. Quando estes recursos são aplicados na educação, a troca de informações entre educadores e educandos melhora de maneira global, tornando-se mais eficaz e dinâmica.
Pare por uns instantes... enquanto lê as próximas linhas... imagine-se planejando suas aulas com mais eficiência... visualize sua classe motivada e participativa, com sede de aprender... sinta-se capaz de despertar a curiosidade daquele estudante tão desanimado ali no cantinho da sala... experimente a sensação de estar no controle... Com certeza, você ouvirá muitos elogios, pois será capaz de revolucionar seu jeito de dar aula! Sim! Com a PNL, temos essa chance de proporcionar aos nossos alunos um ensino sério e consistente, sem destruir o potencial criativo das nossas turmas!
Nesta coluna, portanto, você encontrará dicas de como aplicar, na sala de aula, os principais recursos da PNL. Queremos expandir as suas possibilidades de ação, para que você se sinta mais seguro ao liderar o processo educativo oferecido aos seus educandos.
Este texto introdutório pretendeu dar uma visão geral sobre o que é possível realizar quando aplicamos a PNL na sala de aula e sobre o papel do professor no processo de ensino. No entanto, o professor não pode oferecer um ensino de qualidade se não estiver bem consigo mesmo; é preciso aprender a lidar com suas próprias emoções antes de exercer a liderança perante uma classe. Esse é o assunto que iremos abordar em nosso próximo encontro.
Para refletir: “crie as oportunidades, não espere somente encontrá-las” (Francis Bacon).
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Pressupostos básicos da PNL
Fonte: Livro - Introdução à Programação Neurolingüística J.O'Connor/J.Seymour
O mapa não é o território.
Nossos mapas mentais do mundo não são o mundo. Reagimos aos nossos mapas em vez de reagir diretamente ao mundo. Mapas mentais, especialmente sensações e interpretações, podem ser atualizados com mais facilidade do que se pode mudar o mundo.
As experiências possuem uma estrutura.
Nossos pensamentos e recordações possuem um padrão. Quando mudamos este padrão ou estrutura, nossa experiência muda automaticamente. Podemos neutralizar lembranças desagradáveis e enriquecer outras que nos serão úteis.
Se uma pessoa pode fazer algo, todos podem aprender a fazê-lo também.
Podemos aprender como é o mapa mental de um grande realizador e fazê-lo nosso. Muita gente pensa que certas coisas são impossíveis, sem nunca ter se disposto a fazê-las. Faça de conta que tudo é possível. Se existir um limite físico ou ambiental, o mundo da experiência vai lhe mostrar isso.
Corpo e mente são partes do mesmo sistema.
Nossos pensamentos afetam instantaneamente nossa tensão muscular, respiração e sensações. Estes, por sua vez, afetam nossos pensamentos. Quando aprendemos a mudar um deles, aprendemos a mudar o outro.
As pessoas já possuem todos os recursos de que necessitam.
Imagens mentais, vozes interrores, sensações e sentimentos são os blocos básicos de construção de todos os nossos recursos mentais e físicos. Podemos usá-los para construir qualquer pensamento, sentimento ou habilidade que desejarmos, colocando-os depois nas nossas vidas onde quisermos ou mais precisarmos.
É impossível NÃO se comunicar.
Estamos sempre nos comunicando, pelo menos não- verbalmente, e as palavras são quase sempre a parte menos importante. Um suspiro, sorriso ou olhar são formas de comunicação. Até nossos pensamentos são formas de nos comunicarmos conosco, e eles se revelam aos outros pelos nossos olhos, tons de voz, atitudes e movimentos corporais.
O significado da sua comunicação é a reação que você obtém.
Os outros recebem o que dizemos e fazemos através dos seus mapas mentais do mundo. Quando alguém ouve algo diferente do que tivemos a intenção de dizer, esta é a nossa chance de observarmos que comunicação é o que se recebe. Observar como a nossa comunicação é recebida nos permite ajustá-la, para que da próxima vez ela possa ser mais clara.
Todo comportamento tem uma intenção positiva.
Todos os comportamentos nocivos, prejudiciais ou mesmo impensados tiveram um propósito positivo originalmente. Gritar para ser reconhecido. Agredir para se defender. Esconder-se para se sentir mais seguro. Em vez de tolerar ou condenar essas ações, podemos separá-las da intenção positiva daquela pessoa para que seja possível acrescentar novas opções mais atualizadas e positivas a fim de satisfazer a mesma intenção.
As pessoas sempre fazem a melhor escolha disponível para elas.
Cada um de nós tem a sua própria e única história. Através dela aprendemos o que querer e como querer, o que valorizar, e como valorizar, o que aprender e como aprender. Esta é a nossa experiência. A partir dela, devemos fazer todas as nossas opções, isto é, até que outras novas e melhores sejam acrescentadas.
Se o que você está fazendo não está funcionando, faça outra coisa.
Faça qualquer coisa. Se você sempre faz o que sempre fez, você sempre conseguirá o que sempre conseguiu. Se você quer algo novo, faça algo novo, especialmente quando existem tantas alternativas.
O mapa não é o território.
Nossos mapas mentais do mundo não são o mundo. Reagimos aos nossos mapas em vez de reagir diretamente ao mundo. Mapas mentais, especialmente sensações e interpretações, podem ser atualizados com mais facilidade do que se pode mudar o mundo.
As experiências possuem uma estrutura.
Nossos pensamentos e recordações possuem um padrão. Quando mudamos este padrão ou estrutura, nossa experiência muda automaticamente. Podemos neutralizar lembranças desagradáveis e enriquecer outras que nos serão úteis.
Se uma pessoa pode fazer algo, todos podem aprender a fazê-lo também.
Podemos aprender como é o mapa mental de um grande realizador e fazê-lo nosso. Muita gente pensa que certas coisas são impossíveis, sem nunca ter se disposto a fazê-las. Faça de conta que tudo é possível. Se existir um limite físico ou ambiental, o mundo da experiência vai lhe mostrar isso.
Corpo e mente são partes do mesmo sistema.
Nossos pensamentos afetam instantaneamente nossa tensão muscular, respiração e sensações. Estes, por sua vez, afetam nossos pensamentos. Quando aprendemos a mudar um deles, aprendemos a mudar o outro.
As pessoas já possuem todos os recursos de que necessitam.
Imagens mentais, vozes interrores, sensações e sentimentos são os blocos básicos de construção de todos os nossos recursos mentais e físicos. Podemos usá-los para construir qualquer pensamento, sentimento ou habilidade que desejarmos, colocando-os depois nas nossas vidas onde quisermos ou mais precisarmos.
É impossível NÃO se comunicar.
Estamos sempre nos comunicando, pelo menos não- verbalmente, e as palavras são quase sempre a parte menos importante. Um suspiro, sorriso ou olhar são formas de comunicação. Até nossos pensamentos são formas de nos comunicarmos conosco, e eles se revelam aos outros pelos nossos olhos, tons de voz, atitudes e movimentos corporais.
O significado da sua comunicação é a reação que você obtém.
Os outros recebem o que dizemos e fazemos através dos seus mapas mentais do mundo. Quando alguém ouve algo diferente do que tivemos a intenção de dizer, esta é a nossa chance de observarmos que comunicação é o que se recebe. Observar como a nossa comunicação é recebida nos permite ajustá-la, para que da próxima vez ela possa ser mais clara.
Todo comportamento tem uma intenção positiva.
Todos os comportamentos nocivos, prejudiciais ou mesmo impensados tiveram um propósito positivo originalmente. Gritar para ser reconhecido. Agredir para se defender. Esconder-se para se sentir mais seguro. Em vez de tolerar ou condenar essas ações, podemos separá-las da intenção positiva daquela pessoa para que seja possível acrescentar novas opções mais atualizadas e positivas a fim de satisfazer a mesma intenção.
As pessoas sempre fazem a melhor escolha disponível para elas.
Cada um de nós tem a sua própria e única história. Através dela aprendemos o que querer e como querer, o que valorizar, e como valorizar, o que aprender e como aprender. Esta é a nossa experiência. A partir dela, devemos fazer todas as nossas opções, isto é, até que outras novas e melhores sejam acrescentadas.
Se o que você está fazendo não está funcionando, faça outra coisa.
Faça qualquer coisa. Se você sempre faz o que sempre fez, você sempre conseguirá o que sempre conseguiu. Se você quer algo novo, faça algo novo, especialmente quando existem tantas alternativas.
Pressupostos básicos da PNL
Fonte: Livro - Introdução à Programação Neurolingüística J.O'Connor/J.Seymour
O mapa não é o território.
Nossos mapas mentais do mundo não são o mundo. Reagimos aos nossos mapas em vez de reagir diretamente ao mundo. Mapas mentais, especialmente sensações e interpretações, podem ser atualizados com mais facilidade do que se pode mudar o mundo.
As experiências possuem uma estrutura.
Nossos pensamentos e recordações possuem um padrão. Quando mudamos este padrão ou estrutura, nossa experiência muda automaticamente. Podemos neutralizar lembranças desagradáveis e enriquecer outras que nos serão úteis.
Se uma pessoa pode fazer algo, todos podem aprender a fazê-lo também.
Podemos aprender como é o mapa mental de um grande realizador e fazê-lo nosso. Muita gente pensa que certas coisas são impossíveis, sem nunca ter se disposto a fazê-las. Faça de conta que tudo é possível. Se existir um limite físico ou ambiental, o mundo da experiência vai lhe mostrar isso.
Corpo e mente são partes do mesmo sistema.
Nossos pensamentos afetam instantaneamente nossa tensão muscular, respiração e sensações. Estes, por sua vez, afetam nossos pensamentos. Quando aprendemos a mudar um deles, aprendemos a mudar o outro.
As pessoas já possuem todos os recursos de que necessitam.
Imagens mentais, vozes interrores, sensações e sentimentos são os blocos básicos de construção de todos os nossos recursos mentais e físicos. Podemos usá-los para construir qualquer pensamento, sentimento ou habilidade que desejarmos, colocando-os depois nas nossas vidas onde quisermos ou mais precisarmos.
É impossível NÃO se comunicar.
Estamos sempre nos comunicando, pelo menos não- verbalmente, e as palavras são quase sempre a parte menos importante. Um suspiro, sorriso ou olhar são formas de comunicação. Até nossos pensamentos são formas de nos comunicarmos conosco, e eles se revelam aos outros pelos nossos olhos, tons de voz, atitudes e movimentos corporais.
O significado da sua comunicação é a reação que você obtém.
Os outros recebem o que dizemos e fazemos através dos seus mapas mentais do mundo. Quando alguém ouve algo diferente do que tivemos a intenção de dizer, esta é a nossa chance de observarmos que comunicação é o que se recebe. Observar como a nossa comunicação é recebida nos permite ajustá-la, para que da próxima vez ela possa ser mais clara.
Todo comportamento tem uma intenção positiva.
Todos os comportamentos nocivos, prejudiciais ou mesmo impensados tiveram um propósito positivo originalmente. Gritar para ser reconhecido. Agredir para se defender. Esconder-se para se sentir mais seguro. Em vez de tolerar ou condenar essas ações, podemos separá-las da intenção positiva daquela pessoa para que seja possível acrescentar novas opções mais atualizadas e positivas a fim de satisfazer a mesma intenção.
As pessoas sempre fazem a melhor escolha disponível para elas.
Cada um de nós tem a sua própria e única história. Através dela aprendemos o que querer e como querer, o que valorizar, e como valorizar, o que aprender e como aprender. Esta é a nossa experiência. A partir dela, devemos fazer todas as nossas opções, isto é, até que outras novas e melhores sejam acrescentadas.
Se o que você está fazendo não está funcionando, faça outra coisa.
Faça qualquer coisa. Se você sempre faz o que sempre fez, você sempre conseguirá o que sempre conseguiu. Se você quer algo novo, faça algo novo, especialmente quando existem tantas alternativas.
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