“Existem duas coisas que as pessoas desejam mais que sexo e dinheiro:reconhecimento e aprovação."
O que acontece quando duas comadres se encontram, quando um grupo de amigos se reúne? Gasta-se muito mais tempo praticando o passatempo favorito da grande maioria: tricotar, fofocar e falar mal dos outros. Raramente se ouve um elogio. Por que isso acontece? Por que temos a tendência de focar mais nos aspectos negativos dos acontecimentos e das pessoas e não nos seus aspectos positivos?
Os noticiários estão recheados de notícias de violência, mortes, seqüestros, assaltos, guerras, catástrofes naturais, corrupção, críticas e outras notícias de teor negativo. Uma das colunas mais lidas e comentadas da revista Veja é a coluna do Diogo Mainardi, um ferrenho crítico de tudo e de todos. Um dos livros mais vendidos atualmente é o livro de crônicas do colunista e crítico Arnaldo Jabor.
Muitos culpam os meios de comunicação por esta tendência de focar apenas o errado, o ruim. Criticam o seu excesso de criticismo e de negativismo. Mas será que a culpa é realmente dos meios de comunicação? Na verdade, eles dão aquilo que o público quer receber. E, desgraçadamente, a grande maioria do público quer ver e ouvir sobre sangue, lágrima, podridão, violência, desgraça, dor e sofrimento.
Por que somos tão críticos?
Uma criança ouve em média nove “não” para cada “sim”. Na mesma proporção, ela é censurada, criticada e podada naquilo que faz. Poucas vezes ela recebe um elogio ou um incentivo pelos seus atos. Educada desta forma, é natural que introjete essas mesmas características herdadas de seus pais e orientadores, tornando-se também um crítico contumaz. Outra provável causa desta tendência de ser crítico pode ser a forma como o organismo humano está programado instintivamente a focar prioritariamente em tudo que possa trazer dor e sofrimento, em tudo que possa prejudicar a sua sobrevivência. Assim, tendemos a focar muito mais em tudo aquilo que possa nos prejudicar, em tudo aquilo que possa ser fonte de desprazer e de mal estar
Existem várias profissões em que as pessoas são pagas para criticar. Temos os críticos de arte, de cinema, de literatura e inúmeros cronistas e colunistas que fazem sucesso por seus comentários ácidos e críticos. Não me lembro no momento de nenhuma profissão em que a pessoa receba algum tipo de remuneração para elogiar e falar bem das coisas e das pessoas, fora os puxa-sacos. Você conhece alguma? Talvez essas pessoas devessem ser os profissionais mais bem pagos do mercado pelo incentivo, pela motivação e pelo bem estar que criariam nas pessoas...
As pessoas querem satisfazer sua necessidade de auto-afirmação
Várias pesquisas realizadas demonstram que uma das coisas mais desejadas pelas pessoas é satisfazer a sua necessidade de auto-afirmação. As pessoas querem ser valorizadas e de ter suas qualidades e suas realizações reconhecidas. Querem se sentir importantes e aceitas socialmente.
Por outro lado, a maioria das pessoas apresenta certa dificuldade em elogiar. O sábio e perspicaz Oscar Wilde expressou essa dificuldade, ao afirmar:
Qualquer um pode compartilhar o sofrimento de um amigo, mas só uma pessoa excepcional é capaz de se revelar sensível ao êxito de um amigo”.
Muitos pais acreditam que devem censurar seus filhos sempre que estes agem de forma não adequada ou moralmente condenável. Acreditam que, agindo dessa forma, estão ensinando seus filhos a diferenciar entre o certo e o errado, estão mostrando a eles os limites do tolerável e do aceitável. O objetivo pode até ser louvável e meritório. Porem, não basta apenas impor limites, censurar e criticar para um bom aprendizado. É preciso, também, não economizar na hora de elogiar e de incentivar, sempre que a pessoa fizer por merecer.
Uma pesquisa realizada no ano passado pelo Instituto Gallup, junto a quatro milhões de trabalhadores nos EUA, constatou que 65% deles não receberam um único elogio dos seus superiores por algo que fizeram durante os últimos doze meses. Isso se reflete no nível de insatisfação, falta de incentivo, baixa auto-estima, falta de auto-afirmação e de estresse no ambiente de trabalho. É altíssimo o custo anual estimado em mais de US$ 85 bilhões referentes aos custos das faltas ao trabalho, despesas com tratamento de saúde, seguros e diminuição da produtividade. No Brasil, pesquisas apontam que aproximadamente 75% das pessoas estão insatisfeitas com o seu trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário