terça-feira, 6 de setembro de 2011

Será que reprimimos a atração sexual por nossos familiares?

Várias culturas ao redor do mundo proíbem o incesto, e por boas razões. A endogamia pode causar mutações raras que levam a defeitos congênitos graves.
Durante quase 100 anos, pesquisadores discutiram sobre a origem dos tabus do incesto. Em 1913, o psiquiatra vienense Sigmund Freud (foto) propôs que eles existem porque temos “impulsos incestuosos” que precisam ser reprimidos. Já o sociólogo finlandês Edward Westermarck argumentou em 1891 que as pessoas desenvolveram um mecanismo biológico para evitar o incesto. Segundo ele, as pessoas que crescem juntas se achariam mutuamente atraentes.
Sim, esses caras sugeriram que todas as pessoas reprimem impulsos de cometer incesto. E sim, isso é nojento. Mas eles podem estar – apenas parcialmente – corretos. Um novo estudo revelou que as pessoas se sentem mais atraídas pelos rostos que se parecem com o seu próprio ou que foram precedidos por uma imagem subliminar de seu pai ou mãe.
Os resultados da pesquisa não querem dizer que todos nós secretamente desejamos ter relações sexuais com membros de nossa família, mas sim apontam para o poder da familiaridade nas formas que achamos atraentes.
Porém, evidências indicam que as pessoas se sentem atraídas por companheiros que se parecem com seus pais. Em outro estudo publicado em 2004, pessoas viram fotos de pais adotivos e homens, e foram capazes de adivinhar quais eram as esposas dos homens com base somente na aparência do pai adotivo. Em outras palavras, as mulheres se casaram com homens que se pareciam com seus pais adotivos.
Os pesquisadores recentes tendem para a teoria de Westermarck.Ele sugeriu que determinados fatores, tais como a semelhança familiar ou ter crescido com alguém, tendem a inibir a atração porque provocam mecanismos que desenvolvemos para evitar incesto (como o nojo que sentimos só de pensar em fazer sexo com um parente próximo).
Porém, uma grande quantidade de dados em psicologia social sugere que esses mesmos fatores tendem a facilitar a atração entre as pessoas.
Na mesma pesquisa que revelou que as pessoas se sentem atraídas por indivíduos parecidos com seus pais e consigo mesmas, os cientistas fizeram um experimento contando aos participantes do estudo que eles veriam imagens de pessoas misturadas com fotos deles próprios, o que era uma mentira. As imagens eram compostas na verdade de rostos de outras pessoas. Porém, nesse caso, as pessoas classificaram as imagens como menos atraentes.
Tais resultados apóiam a teoria de Westermarck. Inconscientemente, os participantes avaliaram as imagens de parentes deles, mas quando imaginaram que havia a presença do rosto de seus pais ou elementos de seu próprio rosto, isso provocou repulsa.
Os pesquisadores acreditam que a familiaridade pode ser mais forte quando as pessoas não sabem de onde ela está vindo. Quando as pessoas estão conscientes de ter passado muito tempo juntos, como em um casamento de décadas, elas podem ficar habituadas umas as outras. Ou em outras palavras, a paixão morre. A mistura de familiaridade e novidade é que parece funcionar melhor para a atração.
Apesar de todo esse material, existem especialistas céticos das pesquisas por bons motivos. Uma psicóloga evolucionária da Universidade de Miami, por exemplo, diz que os estudos feitos não testam a hipótese de Westermarck, que é sobre atração entre irmãos, e não pais.
Também segundo ela, os resultados dos experimentos com os próprios rostos das pessoas não devem ser explicados em termos de atração. Pode ser que as pessoas usem os parentes para criar um modelo do que é uma pessoa saudável do sexo oposto, mas não é uma prova que somos atraídos pelos membros de nossa própria família.

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